Top 11: os discos que ouvi pra caralho – parte I

Posted: | Por Felipe Voigt | Marcadores:
Todo mundo tem sua lista de grandes discos que marcaram sua vida, com as músicas que mais te falavam aquilo que você precisava ouvir na época, que te fazem lembrar momentos bons, ruins, ótimos e péssimos. Uma viagem, um beijo, uma paixão, uma desilusão, um sentimento, uma era. Pense nos seus e veja se não é possível sentir tudo de novo apenas ao ouvir a introdução de uma música?

Pois bem: resolvi fazer a minha. Mas como todos fazem “As 10 Mais”, “Os 5 Melhores”, sempre usando números batidos, resolvi lançar o meu Top 11. Por que onze? Porque eu quis, oras... o blog é meu!

Vou dividir em três partes e os discos não estão em ordem nenhuma. Apenas coloquei conforme fui me lembrando deles e da época em que os ouvia pra caralho. Alguns não são os melhores do artista em questão, mas são os que mais me marcaram de alguma forma. São aqueles que ainda tenho o CD, guardo com carinho, tiro o encarte pra folhear...


 
:: Metallica – Black Album
Simplesmente clássico. Disco de cabeceira de qualquer roqueiro que ainda chama CD de disco. Ou de álbum - hoje a molecada não sabe o que é disco\álbum. Na minha época (isso é expressão de velho), ouvi o K-7 até estourar a fita. Era uma fita pirata, daquelas com a capa xerocada e selinho da BASF colado. As faixas não estavam gravadas inteiramente nesse cassete, duravam no máximo três minutos e ia diminuindo, cortando metade da música.

Decorei todas as batidas do Lars, usava lápis, caneta, antena de TV e canudinhos como baquetas para minha air drum. Este álbum traz, sem dúvida, uma das baterias mais fortes do rock. A potência vocal do Heatfield – e seu “yah” no final de cada frase - e as letras que só hoje compreendo deixam essa obra de arte como algo essencial pelo menos uma vez por mês no meu carro ou nos fones de ouvido. Sei todas as letras, canto e esmago o volante tocando bateria junto...

Apesar de quase duas décadas, é uma música que nunca morre. Você escuta e parece que foi feita ontem. Foi um momento de imensa inspiração dos caras. Não tem como não se arrepiar ao entender Sad But True e My Friend Of Misery ou não se simpatizar e querer ser o vagabundo de Wherever I May Roam. Foda... apenas isso: FODA!


 
:: The Commitments – Trilha sonora do filme
Como todo adolescente, tive minha fase de querer montar uma banda. Agitava um ou outro amigo que soubesse tirar o riff de Smoke On The Water no violão e logo a cabeça viajava, imaginando ensaios e turnês. Nunca cheguei a ter uma, mas sofri como se fosse o fim da minha própria banda ao terminar de ver esse fenomenal filme do Alan Parker. O assisti pela primeira vez com 12 ou 13 anos, já tinha conhecia um pouco sobre soul music, mas o filme me fez querer mais, inclusive saber quem era Wilson Pickett.

Os bastidores, a formação do grupo, a escolha dos integrantes, o ensaio, as disputas paralelas que culminam no fim da banda... é tudo muito crível e muito gostoso de fantasiar. Se você gostou de The Wonders, vai amar The Commitments. Até hoje me pego cantando Try a Little Tenderness e Dark End Of Street como Deco canta no filme, numa inesquecível interpretação de Andrew Strong.

Aliás, por causa dele, nunca mais conseguirei ouvir Mustang Sally, Take Me To The River e In The Midnight Hour do mesmo jeito. Não dá: escuto o refrão e me lembro daquele bêbado cabeludo e estúpido e egocêntrico cantando. Me lembra muito outro bêbado cantor que logo abaixo será citado.

É daqueles filmes que você sabe a sequência toda, as falas, você tem time dentro do filme, sabe? Torce por aquele, detesta aquele outro... Sem contar que foi ele quem me apresentou The Coors: quando fui pesquisar sobre, vi que a vocalista Andrea fez uma participação e fui ver quem era essa banda. Aí deu nisso: paixão! Até escrevi sobre eles (e um pouco mais sobre o filme) nesse outro link.


 
:: KISS – Psycho Circus
Corria o ano de 1998, eu com 16 anos e desde os 9 apaixonado por KISS, a primeira banda que me deu acesso ao que posso chamar de show! Um grupo de caras cantando rock, incorporando deuses mascarados, cuspindo sangue e fogo, posando de fodões... Como isso não encantaria uma criança? E como não continuaria a encantar um adolescente? E foi justamente esse adolescente que acompanhou pra valer, pela primeira vez, o lançamento de um álbum com músicas inéditas da banda. Os que vieram antes eu tinha acesso só depois, não conseguia fazer download das K-7 nos anos 90 - acho que a banda não era larga o suficiente. Nem tinha banda. A banda era outra.

E esse disco foi o primeiro com a formação original em duas décadas. Porra, como não ficar de pau duro com isso? Tudo bem que qualquer coisa me deixava assim nessa época, mas isso também ajudou. Todo o barulho em torno desse CD me deixou realmente empolgado. Quando vi o clipe da faixa-título, quase surtei. Era o KISS de sempre. Gene todo foda, Paul cantando pra caralho, Ace e Peter de volta. (Detalhe: sempre imitei – e ainda imito - o Gene virando os olhos, mostrando a língua, a postura de ogro malvado sacana no palco... Não tem nada a ver, mas quis falar, porra! Já disse: blog é meu, o texto é meu... HUNF!)

E o mais foda nisso: naquele mesmo ano, soube que os caras viriam pra o Brasil no ano seguinte. Imagine um moleque punheteiro de 16 anos surtado por meses? Pois é! Em 17 de abril de 1999 eu fui sozinho ver meus ídolos de infância, ídolos de uma vida. Vendi minha guitarra, meu amplificador – e venderia até a mãe -, colecionei recortes de jornais... Me lembro até hoje da sensação: a música incidental começando, as guitarras, os gritos da multidão que cobria a Curva da Laranjinha em Interlagos, o grito de “YEAAAAAAH...” do Paul Stanley ecoando, a cortina do circo caindo e mostrando o palco com aqueles quatro imortais lá em cima. Ô, puta que me pariu sentada: era o KISS, PORRA! Ainda tenho os recortes, o ingresso e os óculos 3D usados para ver a língua do Gene me lamber do telão.

Pyscho Circus marcou muito minha vida. Não adianta: KISS me faz ser adolescente de novo, caralho!


 
:: Velhas Virgens – Com a Cabeça No Lugar
E como os anos passam de pressa, já dizia o escorregador, corria o ano de 1996 e eu era um pré-adolescente carente de opções nacionais de rock de qualidade. Até que fui apresentado a um CD chamado Foi Bom Pra Você?, primeiro trabalho das Velhas Virgens. Me apaixonei, 10 anos depois tatuei essa paixão no braço e tudo terminou feliz para sempre. FIM

Não, né, porra! Tem mais coisas: em 2000 fui ao meu primeiro de dezenas de shows da banda, um ano depois conheci o Paulão pela internet, seis anos depois ele era meu padrinho de casamento... Mas nesse meio tempo, em 2003, vi o lançamento desse disco. E é marcante por um grande motivo: mostra um amadurecimento musical de uma forma bem clara e com músicas fodas e com a participação efetiva de todos. Experimentaram muita coisa no $enhor $ucesso em 1999 (e nem tudo deu certo), mandaram um álbum com marchinhas de carnaval (esse deu certo) e o primeiro Ao Vivo em 2001 e chegaram no Com A Cabeça no Lugar já calibrados.

É um CD que você tem o que as Velhas Virgens tem pra oferecer: rock, bebida, irreverência e putaria. Sempre nessa ordem e invertido no final. Apesar de muitas músicas não entrarem para o rol de clássicos da banda - tirando Se Deus Não Quisesse -, adoro Márcia e Amanda, Fernando Pessoa Blues, Um Homem Lindo (com um clipe impagável) e Pane Seca. Mas é épica a letra de Enfia Ni Mim, especialmente o refrão. Genial... simples assim.

Músicas bem elaboradas, guitarras com riffs fáceis e o vocal do Paulão melhor do que nunca. É o Andrew Strong brasileiro. Ou melhor: é o Deco. Acho que o Parker se inspirou nesse puto. Não é o melhor álbum deles, mas é o que trouxe a maturidade necessária pra agüentar o tranco até hoje. Afinal, aos 17 anos de estrada, o que mais alguém espera é sua maioridade. Nem que seja a penal.

(TO BE CONTINUED... HA HA HA HA)

2 comentários:

  1. Jean Lourenço disse...
  2. simplesmente o melhor.... ahhh quando se chama ( e eu os chamo ate hoje de discos) ouvia o dia todo com a minha mae businando nas ideias que eles iam furar de tanto ouvir!!! a musica compoe nossa historia momento a momento. se pararmos para descrever a trilha sonora de nossas vidas, muitos como eu passaria horas fazendo isso! nasci na epoca errada, felizmente meu gosto musical veio da epoca certa! otimo post, abrass....

  3. Anônimo disse...
  4. Muito boa a lista...
    Mas acho que o que é mais parecido com a lista que eu faria seria o do velhas... mas comecei com O vocês não sabem como é bom aqui dentro que ganhei na ante-sala da minha psicóloga em 1998!
    Meu primeiro show foi tbm em 2001 e comecei sendo expulsa por sair na porrada com um cara...

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