Mulheres sem bunda

Posted: | Por Felipe Voigt | Marcadores:
Calma, o título do post não é uma alucinação minha. É do Paulão, vocalista das Velhas Virgens, que lança na próxima segunda-feira, 8 de agosto, seu livro “Na Terra das Mulheres Sem Bunda”, onde relata sua viagem à Europa em 2008. Com ilustrações de Weberson Santiago (o mesmo que fez os desenhos do último CD da banda) e prefácio de Mário Bortolotto, é um livro indicado não só para os fãs da banda, mas para todos que gostam de uma leitura leve, descontraída, escrita por uma pessoa foda e com conceitos fodas.

Quando começou a escrevê-lo, logo depois da viagem de um mês com sua parceira Andréa (carinhosamente conhecida por Dedé e chamada por ele por Dex, inclusive no livro), o vagabundo me mandou uma prévia e fiquei de pau duro lendo. Não por ser excitante sexualmente, mas por ser realmente foda ler o relato em forma de diário de bordo, com todas aquelas nuances de romance vagabundo.

Até aí você me pergunta: e o que tem de interessante num livro assim?

Te respondo: porra, tem tudo! Quer coisa mais gostosa de ler do que um guia de viagem não-convencional sobre uma terra cheia de cultura, contada por alguém que sabe buscar a parte alternativa de uma cidade, com doses bem dosadas etílicas (redundância proposital), sarcasmo, humor, crime... e até amor?

Sim: amor! Você se emociona com um casal que sonhava conhecer terras européias, que se apaixona novamente, que briga na viagem, que voltam a se amar. Sem falar nas outras paixões envolvidas: ela iria conhecer a Itália, de onde descende a família; ele chorou no carro, antes de viajar, ouvindo Beatles, sabendo que conheceria tudo aquilo de perto. São paixões que todos temos e queremos viver de perto algum dia. É um livro recheado de emoção real, de pessoas reais, com histórias reais e não menos fantasiosas.

Imagine ler, por exemplo, que ele está em Madrid, escovando os dentes no hotel quando a pasta começa a escorrer pela boca e, meio zonzo, se sente incomodado com algo, sem saber exatamente com o que. Sentia falta de algo, talvez? Segue o trecho do livro:

A pasta já escorria pela perna. Eu babava como um retardado, mas nada me tirava daquele transe. Alguma coisa estava realmente faltando naquele lugar. Não no banheiro ou no quarto. Alguma coisa estava faltando lá fora. De repente as imagens começaram a passar lentamente e eu soube. Soube exatamente o que faltava... Caraio, era isso! Abri a porta do banheiro e gritei pra Dex:
- Porra...as mulheres! As mulheres, Dex...
- Que é que tem as mulheres, Paulão?
- As mulheres daqui, Dex... As mulheres daqui... as mulheres daqui não tem bunda...! Esta é a terra das mulheres sem bunda, porra!

Do caralho, não? Imagine o resto... tem muita coisa boa. Mesmo!
Fiz uma entrevista com ele agora, rapidamente, só pra te ajudar a entender melhor.


- Pergunta clichê, mas... O que te motivou a escrever esse livro?
PAULÃO - A carreira de escritor é meu objetivo de vida faz algum tempo. Escrevi um livro em 1990, "A Ultima Noite da minha juventude", mas tá guardado... preciso reler e avaliar a qualidade. Mas escrever é uma paixão faz muito tempo. Lançar um livro, então, algo quase inacreditável. Mas escrevi principalmente pra abrir uma janela e mostrar pras pessoas que não foram comigo as coisas que vi e os ares que respirei.

- O título é bem sugestivo. Estamos mesmo sempre atrás de uma bunda boa? A bunda é uma premissa real?
PAULÃO - O corpo feminino é aerodinâmico, cheio de curvas sedutoras. E a bunda é o carro chefe, pelo menos pra nós brasileiros.Dai a estranheza de estar numa terra onde a bunda não abunda (sorry) como sugere o nome do livro.Mas procurar, observar, analisar, apalpar, morder, beijar bundas boas (ou não) são, sem duvida, trabalhos fascinantes.Escrever sobre também.

- O fã das Velhas Virgens vai se identificar com a obra? Por que?
PAULÃO - Minha linguagem coloquial recheada de expressões do dia a dia e das ruas está lá. Há referências roqueiras, encontro com John Lennon, Jimi Hendrix e muita cerveja. É letra sem música, papo de buteco.

- Aliás: é um livro indicado pra quem mais além dos fãs e dos bêbados que te conhecem?
PAULÃO - Pra quem quer sacar um pouco de como fazer uma viagem ao exterior (de casal inclusive), pra quem se interessa por romances policiais e realismo fantástico

- Por falar nisso: é melhor lê-lo bebendo o que? E escutando o que?
PAULÃO - Bebendo, não. Nunca divida a atenção da bebida com nada. Na hora de beber, pare e curta o drink. O legal é ler ouvindo Velhas Virgens, claro!

- Você já tinha flertado com essa experiência de "diário de bordo" quando lançou um blog. Pretende reativá-lo?
PAULÃO - Nunca naquele ritmo diário. Toma muito tempo, apesar de ser divertido. A não ser que alguém me pague pra fazer e eu possa me dedicar a ele com uma certa exclusividade. Marcelo Paiva faz isso. Tenho que comer muito feijão pra ter algo assim.

- Um recado para as mulheres sem bunda que por ventura venham a se ofender com seu livro.
PAULÃO - A falta de bunda é apenas a ponta da estranheza do iceberg chamado Europa. Lugares fantásticos, cultura a mil mas nada do jogo de cintura brasileiro. Então, não ter bunda é pinto (ops) perto das diferenças gigantescas entre europeus e brasileiros. Mas, pensando bem, é da diferença que nasce o crescimento e no fim das contas, na China ou na Mooca, é tudo um mesmo mundo e somos todos seres humanos cagões, mijões, solitários e sonhadores. A nave é a mesma, as aspirações semelhantes e o destino incerto. Simbora?


Quem não puder ir, vai perder também um pocket show com as Velhas Virgens e a minha presença VIP, óbvio. Mas não tem problema: pode encontrar o livro nas livrarias e nos sites da Fnac e Saraiva.

1 comentários:

  1. Rennan Rebello disse...
  2. Não estarei presente na FNAC mas já garanti o meu livro na Saraiva, para ler aqui no Rio.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...