Educação religiosa nas escolas

Posted: | Por Felipe Voigt | Marcadores:
A Agência Brasil publicou recentemente uma série de reportagens sobre o impasse envolvendo educadores e religiosos quanto ao ensino religioso nas escolas - e que vale muito a leitura. Como bem sabemos, o Brasil não possui uma religião oficial e é conhecido pela diversidade das crenças.

A intolerância religiosa é um dos principais dilemas a ser enfrentado em uma sociedade cada vez mais plural, onde o acesso ao diferente está cada dia mais fácil. Tentar impor em escolas uma doutrina religiosa soa um retrocesso social absurdo.

Caso haja a tentativa de unir formação escolar com doutrinamento religioso, poderá criar-se um problema no eixo familiar, onde nem sempre os cônjuges compactuam da mesma religião. E se algum aluno tentar continuar com sua própria crença, contrariando a escola? O que aconteceria?

Um caso em Brasília retrata bem esse dilema: uma oração é feita pelos alunos diariamente no jardim de infância, antes do início das aulas e isso causou discórdia entre os pais. De um lado está um grupo de pais que pede a exclusão de referências religiosas das atividades escolares. Do outro, os que apóiam o ritual diário e consideram que a direção da escola está sendo perseguida.

Todos os dias antes das aulas os alunos se reúnem no pátio da escola para o momento chamado de “acolhida”. Nessa hora, são estimulados a fazer uma “oração espontânea”. A cada dia, crianças de uma turma ficam responsáveis por fazer os agradecimentos a Deus ou ao “Papai do Céu”.

Segundo a direção da escola, houve um questionamento por parte dos pais para que fosse um momento de acolhida um pouco mais amplo já que algumas famílias não comungam dessa religião, que seria basicamente cristã.

Uma integrante da Associação de Pais e Mestres do colégio contou que notou outros sinais de violação, a partir de informações que o filho de 4 anos levava para casa. “Não posso dizer que existem dentro da sala de aula práticas religiosas. Mas meu filho não aprendeu em casa a orar em nome de Jesus. Um dia ele me disse que o telefone para falar com Jesus era dobrar o joelho no chão”.

Isso é quase uma prática de “arrebanhamento de fiéis”, já que não dá aos pais a possibilidade de educarem seus filhos da maneira que acharem necessária no quesito religião. E se uma das crianças dessa escola tivesse pais budistas? Ou mesmo pais ateus? Ela seria obrigada a acreditar apenas porque a escola optou que acreditasse?

O que precisa ser ensinado é o respeito às crenças existentes e não impor apenas uma. Se quiser mostrar a religião cristã, que mostre com o mesmo peso - e respeito - as demais religiões. Sem hipocrisia ou preconceito. Não existe uma única religião nem um único Deus. À escola cabe apenas educar e não alienar.

E aos que tentam agregar números através da alienação precoce - já que cada dia mais estão perdendo devotos - pergunto: e se um diretor ou professor ateu tentasse ensinar que a religião é um retrocesso social, que só engessa a vida de quem a segue e que Deus é uma utopia... vocês aceitariam?

A pergunta é retórica.

4 comentários:

  1. Evelyn Paparelli disse...
  2. Sem sombra de dúvida que religião só deveria ser mencionado em escolas caso as escolas fossem ligadas a alguma religião, como muitas existem no mundo todo (escolas católicas e judáicas são as mais comuns aqui), ou como você disse, que seja em termos culturais, fazendo parte do curriculum e portanto que se apresente e ensine sobre todas as religiões.
    Eu particularmente não iria gostar que a escola de meus filhos mostrasse apenas uma determinada religião implicando assim na prática dela, muito menos sem o meu concentimento, pois religião para mim é como roupa íntima, cada um usa o que quer e nao se expõe para que os outros deem suas opiniões.
    Posso até ouvir um lado e colocar o meu caso o assunto surja, mas jamais iria impor minhas crenças, nem mesmo aos meus filhos. Dou a eles plena liberdade de escolha, quero que eles sigam aquilo que os faça feliz.
    Se houver obrigação em praticar a coisa, passa a ser discriminação.

  3. Lenita de Paula disse...
  4. Educação religiosa deve ser feita em casa ou na igreja. A escola evoluiu em muitas coisas, mas sofre um retrocesso quando opta por utilizar um único modelo de educação religiosa. Se a escola não professar claramente uma religião, como bem colocou a Evelyn, eh errado fazer alusão a apenas uma. Se existe o tal do ensino religioso, que ele seja usado para apresentar as crianças todos os modelos existentes, como um estudo histórico, não como mais uma maneira de "arrebatar" fieis.
    Sou crista, mas adoraria se a escola da Manuela fizesse um estudo religioso, apresentando a ela outras religiões, outras crenças. Orações e minhas crenças eu apresento em casa.

  5. Lenita de Paula disse...
  6. Educação religiosa deve ser feita em casa ou na igreja. A escola evoluiu em muitas coisas, mas sofre um retrocesso quando opta por utilizar um único modelo de educação religiosa. Se a escola não professar claramente uma religião, como bem colocou a Evelyn, eh errado fazer alusão a apenas uma. Se existe o tal do ensino religioso, que ele seja usado para apresentar as crianças todos os modelos existentes, como um estudo histórico, não como mais uma maneira de "arrebatar" fieis.
    Sou crista, mas adoraria se a escola da Manuela fizesse um estudo religioso, apresentando a ela outras religiões, outras crenças. Orações e minhas crenças eu apresento em casa.

  7. Alice O. disse...
  8. pense num dos assuntos que mais me desgasta, dentro e fora de casa: a questão do estado laico.
    pior é que já tive que ouvir que isso irá incentivar a homossexualidade, a pedofilia, a violência, a falta de ética... enfim.

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