Já quis muito morrer por amor. Já perdi as contas de quantas noites em vão chorei esperando um alívio mortal chegar. Mas confesso que pela primeira vez em muito tempo, estou pretendendo viver por amor. É a mesma coisa, tem o mesmo gatilho, mas são intenções diferentes.
Tudo bem que escrevo isso depois de algumas garrafas e acompanhado de outra entre minhas pernas enquanto um blues derrama pela TV e ainda me vejo impactado pelo encontro de horas atrás... mas, ainda assim, a sensação não muda. Talvez se potencialize, de alguma forma. Não seria a primeira vez, afinal. Vou jorrar letras enquanto algo me entorpece...
O mundo está sempre errado, entenda isso. Você está certo quando se baseia no que sente, no que vê, no que vivencia e no que acredita. Mesmo depois de tempos de sombrias ausências, de tristes distâncias, de fartas faltas.
Os olhos ainda brilham, o mundo ainda para de girar, a boca ainda é macia, o cheiro agrega à atmosfera e o calor ainda faz tudo arrepiar. Há realidade, há fantasia, tem existência, tem a realeza do sentimento. São segundos, são minutos, perpetuados em décadas e séculos de um milênio que nunca acabará.
Eu realmente espero que você entenda o valor de um trago nessa hora e saiba o quanto isso acaba te trazendo a fuga necessária para não pesar o momento, não foder com o clima estabelecido sob chuva e frio e pressa e mágica.
Porque, sim, mágicas ainda acontecem. Ainda existem, não se dissipam no ar, não se transformam em cinzas abitucadas num canto triste do cinzeiro do tempo... Acho que já escrevi isso em algum lugar. Ah, foda-se! Não acredite no que escrevo bêbado e ouvindo Willie Dixon... nós não precisamos disso.
E sabe o que me fode ao escrever tudo isso? Você não entenderá realmente o que digo. Certamente fugiu disso sua vida toda, ao tentar encontrar algo parecido. Você quer mas evita; você busca mas não almeja. Porque se você realmente soubesse, teria parado no primeiro parágrafo e encontrado todo o sentido que tento passar aqui. Porque já viveu, já possui, já aguenta sua barra de uma forma igualmente ardida como a minha.
E ainda assim sorri e espera não mais querer morrer por isso. Talvez apenas esteja mais sóbrio. O que é um grande erro, meu caro... é preciso se deixar embriagar pela boca, pelo faro, pelo olhar. Porque no final, suas lágrimas voltarão a rolar. E elas são o sumo que faltava há semanas...
Mas se ainda assim não sabe do que estou falando, espero realmente que um amor foda sua vida... Que te destrua, que te dilacere, que te extraia todo cerne, corte o âmago, exale o torpor. E apenas assim sentirá como sendo único, real, verdadeiro, permissivo... e mágico.
Porque a mágica não se dissipa, não se transforma em cinzas... creia no que este velho bêbado te confidencia. Porque mesmo embriagado, hoje ele quer e precisa sobreviver.
Porque a mágica não se dissipa, não se transforma em cinzas... creia no que este velho bêbado te confidencia. Porque mesmo embriagado, hoje ele quer e precisa sobreviver.
0 comentários:
Postar um comentário