À quatro mãos e não terminado...

Posted: | Por Felipe Voigt | Marcadores:


I
A vida agora num longo hiato
Revés que não refuto, acato imediato
Seguirá assim no vácuo, sem respirar
Este corpo embebido num triste esperar
Pois esperar não é recuar: é amar sozinho

A ausência será tão mais árdua
Seguirei sempre fugindo do mundo
Para conseguir em paz chorar um pouco
Desta tristeza profunda como nunca
Não quero mais a companhia que macula

II
Na louca contradição, que mesmo na solidão
Hiato não é um, são dois
A boca se abre na pronúncia
Quer o apoio da outra letra que vem depois
Que também seria só, se não fosse junto

E como já não se é mais um
A dor é compartilhada, mas nunca dividida
Os braços procuram os mesmos abraços
Os beijos querem os mesmos lábios
Só assim, em beijos e abraços reconhecidos
Ama-se junto, mesmo que separado

...

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