I
A vida agora num longo hiato
Revés que não refuto, acato imediato
Seguirá assim no vácuo, sem respirar
Este corpo embebido num triste esperar
Pois esperar não é recuar: é amar sozinho
A ausência será tão mais árdua
Seguirei sempre fugindo do mundo
Para conseguir em paz chorar um pouco
Desta tristeza profunda como nunca
Não quero mais a companhia que macula
II
Na louca contradição,
que mesmo na solidão
Hiato não é um, são
dois
A boca se abre na
pronúncia
Quer o apoio da
outra letra que vem depois
Que também seria
só, se não fosse junto
E como já não se
é mais um
A dor é
compartilhada, mas nunca dividida
Os braços
procuram os mesmos abraços
Os beijos querem
os mesmos lábios
Só assim, em
beijos e abraços reconhecidos
Ama-se junto, mesmo
que separado
...
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