Passei uma vida sem fé em nada. Em Deus, em algo maior,
em qualquer coisa parecida com o tipo de fé que todos adoram mostrar. Nem mesmo
em mim eu tive fé por muitos anos. Mas algo mudou e uma fé nasceu em mim. E me
fez voltar a acreditar em mim como homem, como pessoa, como amante, como amigo,
como companheiro de vida...
Essa fé se chama esperança. Uma pequenita – e não
pequenina – esperança.
Não aquela esperança em algo superior, em algo feito pelo
destino ou que faz crer que “tudo estava escrito”. Não. Essa minha esperança é
algo vil, pequeno demais pra ser mostrado ou falado. Trata-se de uma esperança
minúscula, aquela cuja qual todos refutarão. Me tentarão dissuadir desta fé.
Muito me tacharão de idiota, de se rebaixar a níveis rasteiros demais até mesmo
pra mim. Mas eu finalmente acredito em algo.
Todos precisam de
fé em algo. Fé num santo ou em um Deus ou mesmo em dias melhores.
Eu tenho fé em
uma rasa, injusta e vil esperança! Me tirar essa minúscula esperança é me fadar
a uma vida sem vida...
Mesmo sendo uma
esperança sem nenhuma base a não ser o que sinto e senti, vivi e vi. Mesmo que
a própria esperança me olhe nos olhos e me diga que estou errado.
Ainda que a boca
fale, os olhos não mentem jamais.
E eu aprendi a lê-los.
Que essa esperança seja cruel, desumana, que me dê todos
os motivos para odiá-la e amaldiçoá-la ao vento. Eu ainda terei fé.
Que dure um dia, uma semana ou uma vida toda. Mas ainda a
terei comigo. E ninguém, nem mesmo a própria esperança, poderá tirá-la de mim.
Nem mesmo os piores dos cenários – e nisso sou graduado em projetá-los –
poderão me tirar esse grão de esperança que mal cabe na mão, mas que será o
suficiente para manter o peito batendo e a alma respirando.
É uma fé que me fará olhar para o céu e vê-lo da mesma
forma que sempre o vi, mas que agora falta algo. Não no céu, mas aqui embaixo,
aqui do lado.
E sei que esse mesmo céu será contemplado da mesma forma.
Não serei o único a erguer os olhos e revisitar tantos
outros céus compartilhados.
Com a mesma esperança de, um dia, voltar a vê-lo com a
magia que transmitia.
Não por não existirem mais estrelas, mas por faltar a luz
que incendiava ao lado.
Que aquecia dentro.
Que falava no silêncio e escutava no encaixe perfeito.
Que transbordava pelos olhos mesmo quando fechados.
Mesmo quando a boca silenciava, eu aprendi a ouvir.
E continuo ouvindo, mesmo tudo sendo silenciado ao meu
redor agora.
Que eu seja o maior dos tolos. O mais imbecil dos
idiotas.
Que eu viva a cantar a mesma canção até a vida me cansar
mais do que já me cansa.
Mas por um momento, uma fagulha de tempo, eu tive a
esperança que precisava para continuar a viver.
E esperar.
Esperar pra ser amado da mesma forma.
Pra ser visto da mesma maneira.
Pra ser sentido em todos os sentidos.
Pra ser olhado e desejado.
Para que meu lobo volte a ter a sua lua.
Pra, enfim, poder voltar a sorrir e respirar.
Me negar sentir essa esperança é me sentenciar a uma vida
sobrevivida sem gosto, sem som, sem calor, sem fé. Tudo está perdido, mas eu já
não me importo mais.
Que eu faça das minhas lembranças minha própria igreja.
Que os gritos de saudade abafados sejam minhas orações.
Que minhas velas sejam minha não-desistência mantidas acesas.
Que o gosto do beijo seja minha hóstia.
E que a morte seja meu amém.
6 comentários:
Você não é tolo, muito menos idiota. Seja la quem for que te veja assim, merece apenas seu desprezo. Nunca deixe de acreditar, de ter fé, ou até mesmo de esperar pois isso se chama VIDA, esse é o combustível para se viver. Muitas vezes não entendemos o motivo ou o sentido de certas coisas que nos acontecem na vida, mas um dia a razão se mostra, ela sempre se mostra.
Felipe, eu acho que conhecemos um pouco de quem tu é através dos teus blogs, e o que eu vejo é uma pessoa especial, singular, que trata de assuntos pesados de forma delicada e de assuntos delicados com... hum... digamos que com certa aspereza. De qualquer forma você é especial pra muitas pessoas, mesmo que vc não as conheça pessoalmente e que elas não estejam ao teu lado, compartilhanto toda a tua vida, mas apenas uma parte que tu fornece pra gente.
Tenho que concordar com Evelyn e dizer que tb acredito que a razão de certas coisas sempre se apresentam, mais cedo ou mais tarde...
A esperança tem um companheiro: o tempo... Só ele irá se encarregar de acalmar, curar, cicatrizar essa ferida aberta que dói intensamente.
A fé também conforta, seja ela no que ou em quem for, só importa a você!
Esse é o Felipe que eu conheço...
Levantando a cabeça e seguindo em frente, mesmo que aos poucos, mesmo que a vontade seja cair e não levantar mais!
Dê tempo ao tempo! Estamos juntos... amo você. Beijo
A fé em algo é a única coisa que ninguém nos pode tirar. Bom te ver levantando... =)
Fé e esperança, seja no que for. Isto é o que nos impulsiona,nos faz viver, nem que seja aos poucos, sofrendo, doendo, mas tendo aquela luz no fundo do tunel, que não nos deixa parar, e nos faz prosseguir! Mesmo que aos "trancos e barrancos", como dizia Vó Manu! Espelhe-se nela, lembre-se dela. Melhor lição de vida, coragem,perseverança voce jamais encontrará !Amo voce, nunca se esqueça disso!
Albert Einsten dizia que toda a infelicidade dos homens nasce da esperança, mas se esqueceu de mencionar que dela tbm nasce a vontade de saber, viver e o principal o refugio de uma vida q so nos trás cansaços e hipocrisias e é o que nos mantem em pé para podermos seguir em frente. Nao podemos arrancar de nos uma coisa que nos permites ver "melhor" a vida.
(foi um dos melhores textos que que ja li. Parabéns)
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