Conversa minha comigo

Posted: | Por Felipe Voigt | Marcadores:
Busca-se o ar
mas ele não entra

Dói como se me afogasse
como se o peito serrado fosse
como se a vida ali parasse

Dói como nunca mais havia doído

A lágrima nos olhos não cessa
E o soro delas a boca amarga
À tona vem a repulsa de outro
Aquele que te afasta em silêncio

Levanta-te em dúvidas
Repousa-te em certezas
E nada aplaca o infernal
zunir dos ofegantes suspiros

Súplicas são emitidas
ao teto que se fecha
aos lados que se aproximam
ao chão que se ausenta

Tudo enfim se omite
Será esse o limite?

Ergo-me em compreensão
mas mesmo eu preciso de segurança
ou me consumirei em perguntas
que não me deixarão dormir

Dos tolos, sou o mais sábio
Dentre os sábios, o mais idiota

És o melhor e o mais tolo, de fato
Por isso mesmo passarás sozinho
o intermitente virar dos minutos
que deságuam em horas agonizantes

Nem mesmo os densos
suportarão o peso da tua
convivência

És tão denso que teu peso
deixará o outro leve
ao se ver livre

E eu sei disso

A palavra que trazia conforto
agora é recebida como golpe
De tão certo, erras na dose
e o que era um doce remédio
agora se transforma no mais
amargo dos venenos

Sou a pior melhor companhia
que você não precisa ter agora

Apenas meia garrafa te resta
E uma noite inteira se levanta
Passarás por isso sóbrio
Bem-vindo de volta
Teu lugar de sempre
o aguarda

Pois dói
como nunca mais havia
doído

5 comentários:

  1. Evelyn Paparelli disse...
  2. Conheço bem essa dor...não tem remédio, não tem ombro amigo, nada cura, nem mesmo o tempo. A maioria das pessoas sofrem caladas, choram pra sempre, mas apenas alguns poucos como você fazem disso poemas belíssimos, é um desabafo que chega ao leitor como um grito pedindo socorro, e nada podemos fazer e ai dói aqui tambem, como nunca mais havia doido.

  3. Alice O. disse...
  4. nos resta saber que apesar das cicatrizes a intensidade da dor diminuirá e você poderá seguir o teu caminho...

  5. Karola disse...
  6. chorei...
    ...intensidade
    escrever é abrir ferida...
    sangrar pelos dedos

  7. Carol Viana disse...
  8. Já disse que às vezes dói te ler... por transformar tua dor em algo tão tangível quanto esse texto... de sentir a dor junto.

  9. Vera disse...
  10. Dessa vez pegou pesado, to aqui em prantos...
    Agora vc chora dai e eu daqui, queria estar por perto, te dar um abraço e um beijo.

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