Tem muito nêgo idiota no mundo

Posted: | Por Felipe Voigt | Marcadores:
Algumas expressões que usamos no nosso dia-a-dia às vezes causam confusão se a pessoa que ouvi-la quiser transformar aquilo em algo politicamente correto. São aqueles censores de sofá, que ficam com a porra da bunda grudada em frente a um computador, monitorando em busca de novas vítimas. São esses imbecis que acham que há discriminação escondida em praticamente tudo o que é dito, pensado e feito. E fazem questão de se auto-proclamarem guardiões da verdade e da justiça em nome dos “afetados” por tal expressão.

Claro que algumas nasceram de forma pejorativa e indicavam preconceitos na época em que foram geradas. Mas se fundem na cultura popular de maneira tão densa que, passado anos e décadas após sua criação, nem as usamos com aquele mesmo intuito.

Chamamos um motorista de barbeiro, mesmo sem querer ofender os velhos profissionais da tesoura. Ou dizemos que alguém caiu no conto do vigário, sem necessariamente achar que todo vigário seja um sacana manipulador. Ou será, ainda, que toda Joana que tem filhos se ofende quando dizem que tal lugar é a casa da mãe Joana?

Eu mesmo uso sempre um “meu Deus, que calor!” ou um “Nossa Senhora, que coisa chata!” e não tenho religião nem creio em Deus. Ou acha que quando digo “puta que me pariu, chega disso!” estou afirmando que minha mãe cobra pra dar a buceta?

Não é o termo que faz a discriminação: é a entonação ao usá-la, a intenção ao proferi-la e o contexto usado.

Exemplo: essa semana uma amiga disse no Twitter que “nêga tá se sentindo demais” ou algo parecido. E calhou de a “nêga” ser negra. Pronto: era o que precisava pra começar o velho discurso do “racismo camuflado”.

Um racista poderá falar que fulano é um “afro-descendente de merda que não serve pra nada” e ainda assim ser racista, mesmo usando o termo politicamente correto. Mas não dá pra colocar na mesma categoria dele alguém que diz que “esse nêgo é foda, joga pra caralho!”.

Quem nunca usou essa expressão sem sequer pensar?

A cantora Paula Lima tem uma música em que canta “ô preta, seu gingado me alucina”. A Alcione canta que “você é um negão de tirar o chapéu”. E ambas são negras, de pele preta. É racismo? Ou apenas usam expressões que são, sim, carinhosas quando colocadas dessa forma?

Já está na hora dessa patrulha em busca do politicamente correto começar a ser rechaçada com veemência. Não é ISSO que é racismo... Preconceito racial é algo muito mais doloroso, muito mais cruel do que essas expressões. Antes toda discriminação fosse apenas um “neguinho tá de sacanagem comigo”. Tudo seria mais fácil.

2 comentários:

  1. Anônimo disse...
  2. Preconceito é achar que o termo 'nêgo' está sempre associado a algo ruim! Para acrescentar outro exemplo: casais brancos que se chamam de meu nêgo e minha nêga.

  3. Carol Viana disse...
  4. Ser literal demais às vezes camufla, dissimula e tira o focode onde realmetne há preconceito. Aff... cansa...

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...