Ando olhando muito o céu

Posted: | Por Felipe Voigt |
Um dia, antes de dormir, você se lembrará de alguém, sentirá um calor estranho e gostoso, vai suspirar levemente e descobrir estar se apaixonando e se sentirá perdido. Outro dia você acordará e verá que a paixão acabou, seja em você, seja nela, e voltará a tremer de frio um pouco, sentirá um breve engasgo e se sentirá perdido. 

O que conta é o tempo entre o dormir e o acordar.

Tenho contemplado muito o céu nos últimos dias. Há um estrelar bonito nessa época, luzes fortes piscando como quem pede sua atenção mesmo que por alguns minutos. Inevitável descer do carro e não me perder refletindo com elas sobre elas. Há uma sintonia velada nesse piscar intermitente.

Talvez o amor seja como uma estrela. Talvez amar seja um jogo de contemplação. E para amá-la, devemos contemplá-la daqui do chão, olhando para a luz daquilo que ela já foi um dia, mas que morreu não sabemos quando. A energia que a gerava esgotou, foi intenso a ponto de consumi-la, mas deixou sua essência percorrendo seu passado, nosso presente e alguns porvires.

Uma estrela é um rio de luz correndo pelos vales do tempo, banhando quem quiser se banhar em sua história. E tal qual um rio, sua fonte pode ter secado, mas ainda há onde navegar. E mesmo que um dia acabe, ainda há hoje a correnteza te puxando pra percorrê-la.

De certo, uma estrela é um amor que se apagou em sua fonte, mas que luta contra o tempo para se fazer ser visto, que pisca na esperança de que alguém o note e não o deixe se apagar indiferente aos olhos de quem o vê mas não quer notá-lo.

As estrelas não aparecem à noite por um simples acaso da natureza. É à noite que elas nascem, durante o tempo entre aquele dormir e aquele acordar. Nascem no dormir do apaixonado e morrem no acordar do desiludido.

Por isso o céu anda tão estrelado ultimamente.

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