Não havia o que a fizesse parar de rir.
Estavam no carro, seguindo para o trabalho dela em outra cidade, ele dirigindo e ela gargalhando pela noite anterior. Ele, o motivo da gargalhada, ria junto. Não tinha como não rir. Até esboçou estar emburrado, fez charme mas também cedeu. Quanto mais “bravo”, mais ela ria...
Ela o convidou para dormir em sua casa naquela noite, para que a acompanhasse na manhã seguinte. Um convite irrecusável e assim ele foi. Estavam na cama, conversando e começando a namorar. Antes, ele checou seus e-mails pelo celular. Ela continuava com o seu, checando suas redes. Tentou um chamego, ela respondeu mas continuava com o celular na mão. Assim, ele ligou a TV em um canal qualquer enquanto a esperava terminar sua rotina virtual. Ao vê-la colocar, finalmente, o celular de lado, ele virou-se buscando um beijo, mas ela logo pegou o controle e reclamou do canal em que estava. Passava algum programa de reabilitação emocional de celebridades. Ou coisa parecida. Assim ela passou a procurar algum canal que fosse do seu agrado.
Ele deitou-se de frente e calou-se. Alguns minutos depois, ela virou-se para ele e tentou o beijá-lo. Ele respondeu com ressalva. Ela percebeu e perguntou o motivo. Ele apenas levantou-se e foi para a cozinha. Ela não foi atrás, ficou na cama e logo foi para fora, acender um cigarro. Na cozinha, ele chorou e sentiu a ausência dela em procurá-lo para saber o motivo da sua chateação. Engoliu o choro e foi para fora e a indagou o porquê de não ter ido atrás dele. A resposta que ouviu foi que se ele estava chateado, o melhor seria deixá-lo digerir a chateação, mesmo não entendo o motivo pelo qual se chateou.
Voltaram pra cama em silêncio. Ele não agüentou e disse o motivo: estava ali, tentando namora-la e ela entretida em outras coisas que não ele. E quando se desentreteu, reclamou da TV, sem ainda percebê-lo ali do lado. O silêncio logo voltou e se quebrou com a risada dela.
- Meu Deus, você é a mulher da relação!
- O quê?
- É isso: você é a mulher da nossa relação! – ria ela, se sentando na cama e apoiando as mãos no rosto enquanto gargalhava alto.
- Nem é pra tanto, vai... – ele sorriu e sentou-se junto.
- Ficou todo magoadinho porque eu não quis te comer agora, que eu fui insensível, que não fui atrás de você chorando na cozinha por conta disso... Você é minha mulherzinha!
- É sim... vem cá que eu te dou um trato, minha gostosa - disse fazendo voz grossa e virando-se para ele, puxando-o pelos cabelos.
- Ah, é assim? Então vem cá e chupa minha buceta, então! – respondeu ele.
- Só se você não chorar mais porque eu não te trepei com você...
- É só me ligar no dia seguinte que eu deixo o chocolate de lado. Agora cala a boca e me beija...
De volta ao carro, ela seguia gargalhando lembrando da noite anterior, quando pela primeira vez na vida um homem chorou com ela porque ela não correspondeu aos carinhos dele. Ele estava carente e com saudade e apenas não soube esperar 10 ou 15 minutos. E ela ria disso, como se a visse refletida nele.
- Vem cá, minha princesa... – ela o puxou e o beijou ao chegarem ao pedágio da rodovia.
- Hoje vou te comer, mas antes me traga uma cerveja, sua gostosa – ela ria ao entrar no carro.
- Escuta, vou sair com umas amigas, mas quero te ver de banho tomado e todo cheiroso na minha cama quando chegar, viu? – seguia gargalhando ao voltar pra casa.
A gargalhada dela era gostosa e ele gostava do som da sua risada.
Mesmo sendo ele o motivo delas. Principalmente ele sendo o motivo delas existirem.
No rádio, uma seleção de músicas que ela escolhera. Sempre teve uma boa mão para achar as músicas certas e aplicá-las nos melhores momentos. The Chi-Lites cantavam "Oh Girl" e ela ria e cantava junto, olhando para ele:
- Oooohhhh girl... I'd be in trouble if you left me now!! - e sorria e olhava para ele e cantava de novo.
Ah: naquela noite, assim como na anterior, eles não treparam. Ele era o homem dela, mas também sua mulher. Eles fizeram algo além, não como homem-mulher, mas como seres únicos, interligados, conectados, sem se preocuparem com nomenclaturas, definições ou padrões. Não era apenas sexo, era algo mais. Não dá pra chamar de transa, de trepada, de foda, de relação sexual, de coito... Dois corpos em uma alma? Duas almas dividindo o mesmo corpo? Ultrapassava preceitos, era algo mágico, eram dois mas eram únicos, gozando e se amando e rindo de besteiras que você certamente não entenderá.
- HaHaHaHaHaHaHaHa... – seguia ela no carro e ele simplesmente amava o som daquela gargalhada.
Apenas acendo uma vela
perto do interruptor.
Você precisa da coragem
para ir e ascender sua vida.
perto do interruptor.
Você precisa da coragem
para ir e ascender sua vida.
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| Quem sou eu
"Sou a antítese de mim mesmo! Aquilo que me diferencia é o que me escraviza!"
* Editor-chefe de um jornal semanal, já fui produtor e diretor de TV, comentarista politico em rádio, balconista de boteco e o caralho que você imaginar. Só não fui michê por falta de cliente!
* Não estou filiado a nenhum partido político nem tenho pretensões de me candidatar a qualquer cargo público eletivo. Sou somente mais um jornalista metido a falar besteira sobre qualquer coisa!
* Ouço e toco blues, jogo pôquer, bilhar e não estou preocupado com o que vão pensar sobre minhas opiniões aqui escritas.
* Ou seja: FODA-SE!
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4 comentários:
Não gostei
Adorei! ri sozinha...
Kkkkkkk...ainda estou rindo sozinha. As pessoas aqui do trabalho não entenderam nada.
Mas essa cumplicidade de almas é algo que todos querem, mas pouquissimos conseguem alcançar.
Parabéns.
Depois não se sabe como o machismo é perpetuado na nossa cultura. A própria noção de que o comportamento do homem foi "de mulher" é uma projeção machista de como as mulheres são ou devem ser.
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