“Hoje eu sei que não sou poeta
Tornei-me um pra escrever
e sonhar aquilo que sentia
Perpetuar o que sinto
E eternizar o que sentirei”
Mais uma vez, dormiu cansado de tanto chorar.
Era um cansaço estranho, não-físico, mas que quebrava o corpo em três ou quatro partes. As costas doíam, as pernas formigavam, os braços mal se levantavam e a sensação na nuca era de que algo o sugava as energias que restavam. Por vezes, durante a madrugada, se segurava com toda a força ao sofá, como se estivesse sendo arrastado pra fora dele. Se afogava nas próprias lágrimas, tentava respirar e não conseguia. Era tudo muito estranho. Muito estranho.
A sensação durava cerca de duas horas. Às vezes três. Logo depois, desfalecido e inerte, ele dormia. Um sono pesado, cansado mesmo. Era muito estranho e nunca entendeu o motivo disso acometê-lo dessa forma. Não havia bebido, teve dois dias bons naquela semana, não havia algo que o derrubasse assim. Talvez tivesse sido sorteado na roleta-russa do universo, vai saber?
Dormindo, ele não chorava. Dormindo, ele não sofria. O ar entrava e saia, as pernas relaxavam e as costas não doíam. E foi assim, dormindo, que ele acordou.
Acordou com a lambida do sol em sua cara. Não estava em seu sofá-leito companheiro de meses de sono, mas em uma cama de lençóis brancos. Uma porta na lateral do quarto permitia a entrada do sol e apenas uma silhueta se destacava nela. Foi quando a ouviu falando, se revelando ao entrar no quarto:
- Bom dia, meu amor!
Ao se jogar na cama, a silhueta tomou forma, rosto, olhos e boca e sorriso. Era ela. A sua pequena. Trajando uma camisola bege apenas, de algodão e que chega ao meio das coxas. Ainda sonolento, respondeu ao beijo dela e abriu melhor os olhos. Sim, era ela. Com os olhos mais lindos que conhecera, com a boca mais macia que havia beijado. E com o sorriso capaz de ofuscar o sol que ainda o lambia a cara.
- Acorda, menino bonito... preciso da sua ajuda hoje.
E se levantou, indo para o banheiro, tirando a camisola e ligando o chuveiro, não sem antes olhar para ele deitado na cama. Olhou por cima dos ombros e deu uma piscadela marota. Ao ouvir e ver aquilo, seu corpo estremeceu. Era ela, ali, de onde nunca deveria ter saído. Ele olhou ao redor e, mesmo sendo um ambiente diferente de onde estava, era conhecido. Ele se sentia acolhido em um lugar conhecido. Se levantou e foi atrás dela, no banheiro.
Encostou-se na porta e a admirou se banhando. Ela sorria, estava alegre e leve. Apenas o olhava enquanto se ensaboava com um sabonete vermelho. Comentou algo sobre o dia que teriam e ele sorriu junto. Fez um comentário sacana sobre o quão gostosa e linda ela era. Foi atingido por um jato de água e um comentário:
- Você é besta...
Pegou a toalha branca enorme ao vê-la desligar o chuveiro e a enrolou. Beijou sua nuca, tocou seus ombros ainda molhados e apenas suspirou em seu ouvido. Ela olhou para o lado, por cima dos ombros novamente, e sorriu para ele e voltou para o quarto. Ele jogou uma água no rosto, se olhou no espelho e estava tudo bem. Escovou os dentes, voltou a se olhar e foi para o quarto.
Ela estava de costa, ainda enrolada na toalha, passando creme nas pernas. A luz do sol invadia pra valer e deixou a cena poética. Ela era uma poesia pura, assim, sem maquiagem, nua, cheirando a frescor de pele. Sua pele tinha um aroma único. O modo como passava o creme era sensual. Porque ela não sabia que ele estava ali, a admirando. Era natural.
Não tinha como não querer aquela. Se aproximou, afastou os cabelos da nuca, a beijou ali e sentiu seus braços se arrepiarem. Mordeu levemente sua orelha, lambeu seu pescoço e a virou de frente para ele, desenrolando a toalha ao mesmo tempo. A beijou como se fosse a primeira última vez que a beijaria. Ela suspirou e gemeu ainda durante o beijo. Assim, a jogou na cama e começou a chupá-la. Não falou nada, não pediu nada, apenas a chupou ali, deitada, nua, com o sol a aquecendo e a revelando em cada gemido abafado, em cada suspiro represado, em cada contorção que seu corpo fazia involuntariamente.
Ela gozou e o puxou para cima, para beijá-lo. O puxou pelos cabelos e o beijou loucamente, o travando entre suas pernas. Um beijo descompassado, ainda sob efeito do gozo. Queria sentir seu sabor nele. Queria sentir ele. Ela simplesmente o queria. E ele nunca se sentiu tão querido.
Abraçados permaneceram em silêncio por alguns minutos, até ela recuperar o fôlego. Sorrindo, ela reclamou do cabelo bagunçado e segurou o rosto dele. Deu-lhe um beijo e se levantou. Se vestiu com um vestido colorido, bagunçou mais ainda o cabelo e o chamou para irem ao compromisso que tinham. Antes de sair, ele se sentou na cama e a puxou para perto. Beijou-lhe as mãos e pediu um abraço. Assim, sentado, ele ficava na altura dela. Ela o abraçou, acomodando sua cabeça em entre seus seios. Ele respirou, sorriu aliviado e fechou os olhos.
- Sabe que eu te amo, né, coisa feia? - ela disse
Isso fez uma lágrima cair de seu rosto e molhar o colo dela. Foi a última coisa que ele ouviu... não sem antes dizer àquela pequena morena enquanto a abraçava mais fortemente, colando sua alma na dele:
- Estou aqui, coisa linda...
Ao abrir os olhos, estava de volta em sua sala. Ainda era madrugada, tudo escuro em volta.
Sentiu o perfume do creme dela, o gosto do sexo dela, a textura da pele dela, o som da voz dela, o calor do amor dela... A sala era um sonho, mas o quarto era uma realidade.
Ele ficará bem.
Apenas acendo uma vela
perto do interruptor.
Você precisa da coragem
para ir e ascender sua vida.
perto do interruptor.
Você precisa da coragem
para ir e ascender sua vida.
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"Sou a antítese de mim mesmo! Aquilo que me diferencia é o que me escraviza!"
* Editor-chefe de um jornal semanal, já fui produtor e diretor de TV, comentarista politico em rádio, balconista de boteco e o caralho que você imaginar. Só não fui michê por falta de cliente!
* Não estou filiado a nenhum partido político nem tenho pretensões de me candidatar a qualquer cargo público eletivo. Sou somente mais um jornalista metido a falar besteira sobre qualquer coisa!
* Ouço e toco blues, jogo pôquer, bilhar e não estou preocupado com o que vão pensar sobre minhas opiniões aqui escritas.
* Ou seja: FODA-SE!
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16 comentários:
Você sonha acordado. Sorte daquela que pode ser o seu sonho acordado. Que inveja disso!!
Pena que foi um sonho...+ uma liNda historia :)
Nao acho que tenha sido um sonho nao. Acho que ele caiu em uma lembrança boa pra recuperar o folego do cansaco que estava.
Um mundo ideal, onde o amor é transmitido, aceito, doado e sincero. Pena que nos relacionamentos, o orgulho individual impeça as pessoas de mostrarem o verdadeiro sentimento que sentem, as vontades e os desejos.
Seguimos em busca do amor cúmplice e verdadeiro. Aquele amor que não há nada que destrua, passe o tempo que passar.
Continue assim.
ele vai ficar bem mas e ela??
Queria eu ter essa capacidade de sonho... só pela possibilidade do encontro! Lindo,Fe!!
Parece muito real e perfeito pra mim...
;D
gostei da pergunta do anônimo anterior, "ele ficara bem e ela?"
Ela ficará bem também.Porque talvez o sonho seja mútuo. Talvez seja o lugar onde os dois possam se encontrar.Talvez ela tenha fechado os olhos uma hora e, ao abri-los, o encontrou deitado em sua cama e se jogou para beija-lo antes de tomar banho.E talvez ela abriu os olhos em sua realidade depois de ouvi-lo dizer "estou aqui...".
Tbm fiquei querendo saber, e ela? Que tal vc nos contar num outro texto?
Sinceramente, ñ tenho curiosidade de saber "dela"... Minha pergunta é: Ele ficará bem vivendo das lembranças ou por seguir seu caminho, encontrar outro alguém, etc.
Acho que o ele ficará bem tem mais a ver com saber que juntos ou separados as almas estarão coladas, um sempre vai estar presente na vida do outro de alguma maneira...?
"Ao abrir os olhos, estava de volta em sua sala... A sala era um sonho, mas o quarto era uma realidade".
Estes 2 trechos do texto, no mesmo paragrafo, pode ñ significar almas coladas...
Questão de pontuação, ou ñ...
Almas coladas mas corpos separados?
"Almas coladas mas corpos separados?"
Pra alguns, isso é paixão, pra outros, obsessão...
Se for paixão, passa. Obsessão ñ, né?
Algumas lembranças serão muito mais do que muitas pessoas terão numa vida!
Boas lembranças reais que reaparecem como sonho aquecem a alma, elas Sao vida, num mundo massantemente real...
ELES ficarão bem, só por já terem se vivido desta maneira, ainda q nada mais exista.
Muito bacana o que esse texto pode fazer a gente imaginar. Mas eu não acho que os dois estejam ligados ou sei lá. Acho que é um simples e comum devaneio. Principalmente comum. Esse devaneio é só um lugar pra onde ele gosta de fugir apesar do quão duro pode ser acordar. Acaba sendo um momento de felicidade que volta e meia ele quer desfrutar. Ele está mal, pensar nela, pensar que os momentos que ele a tem são casuais, isso tudo reconforta mesmo que seu sofrimento não seja causado por ela.
Estou em dúvida se realmente quero saber como isso se deu, como está a moça ou se quero poder ficar imaginado.
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