Se ele subisse, ela desceria

Posted: | Por Felipe Voigt | Marcadores:
Tem horas que fico sentado divagando
olhando através dessa janela
repousada em minhas pernas,
observando o que cada um faz
em sua própria janela usada como
tela eletrônica com cenários e trincheiras
e máscaras e personagens e ultrajes.

Há um cara deitado no sofá
abraçado a um pedaço de papel
com o rosto de alguém impresso
e uma garrafa de vinho no chão.
Um cachorro lambe sua mão
molhada por lágrimas e suor.
Homem se apaixona mesmo
quando o pau endurece
e o coração amolece.

Na janela de baixo,
uma pequena coisa linda
dona de um rabo incrível
revelado através de um curto vestido.
É madrugada e acabou de chegar.
Enquanto no banheiro limpa
a porra que escorre
entre suas pernas mordíveis
liga para alguém e conta algo
empolgada mas preocupada.
“Ele gozou, mas gostou?”
Foder no primeiro encontro
sempre deixa uma mulher
assim.

Vou apresentar o vagabundo de cima
para a coisinha gostosa de baixo.
Ela deve ser perfumada.
Tem cara de ser.
Acho que foi assim que ele
acabou nesse estado:
cheirando alguma coisinha.
O cheiro da pele suada
exala um tesão
de trincar o caralho
latejante.

Ambos estão no seu primeiro quarto
de idade. Aos 25, tudo quebra.
Especialmente sua imagem.
Chegaram ao dia em que lavaram
o rosto na pia do banheiro
e encararam o espelho
e não viram a pessoa que achavam que veriam
e não gostaram do que viram
e se desesperaram ao enxugar
aquela estranha face.

Ela se enganou e foi trepar.
Ele se martirizou e foi chorar.
“E agora, porra? O que faço?”,
pensou ele ao subir no sofá;
pensou ela ao descer a calcinha.

Um ganhou uma depressão.
O outro ganhou um orgasmo.
Ficar acordado de pijama
só podia dar merda.

2 comentários:

  1. Carol Viana disse...
  2. Este comentário foi removido pelo autor.
  3. Carol Viana disse...
  4. Aposentando o Dorflex temporariamente... sorriso brotando no canto da boca... sem mais...kkkkkkkkkkkkk

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