Ceifado

Posted: | Por Felipe Voigt | Marcadores:
Derrubado no sofá. Foi assim que me deixou
quando adentrou aquela porta
novamente sem convite,
novamente sem pedido
novamente.

Por que insiste em voltar pra mim, caralho!?
Já não deixei claro que sua existência apenas
me fará me consumir em dor?

Sua simples presença me cederá o chão,
onde agora estou.

Mas não o chão filosófico,
daqueles que falamos para soar bonito.
Falo do chão literal,
do gélido piso,
do empoeirado tapete,
do molhado banheiro.

Chão. É onde estou. No chão.
Agarrado ao sofá, torcendo almofadas,
remoendo dores que consomem o físico
que tiram a razão das palavras
que fazem esquecer o pensar
que arregalam os olhos
que disparam a respiração.
Dores que simplesmente doem, porra!

De onde estou, o teto se mostra tão distante
e o simples ato de levantar se torna
impossível.

Rolo para o outro lado, em busca de alívio
mas alívio não está no acordo
da nossa relação.
Então me ceifa logo.
Estou rendido, então me ceifa.
Entreguei os pontos, como dizem,
então acabe logo com isso.

Me ceifa ao léu.
Cefaléia.

Ainda prefiro um chute nos
bagos.

3 comentários:

  1. Lívia Queiroga disse...
  2. Cara, também sinto esta mesma sinusite crônica no faro e na alma, ambos dolorosos.
    Vãs tentativas com nebulizações que apenas embaçam os problemas, não desobstruindo o caminho que poderia me permitir reerguer do chão, repleta por uma coriza de dissabores.
    Outras vezes, injetei antibióticos, qualquer coisa que exterminasse os bacilos superficiais, pseudo-corrosivos, talvez letais em face a vulnerabilidade da respiração.
    Por fim, tomada por esta dor mental, que começa a corroer a cada inspiração, penetrando, invadindo, tomando por dentro qualquer brecha ou subterfúgio, vejo a porta fechada, eu, você e o sofá vazio.
    Nós, neste chão jogados ao relento, com todo o topor que me pesa bem no meio da testa e se esvai por minhas vias -aéreas, quiçá - envolta de obstáculos.
    Ceifa-me. Tens a arte de ir e voltar sem me perguntar até quando deves insistir nesta loucura, uma espécie de droga sem cura, nesse meu jeito bundão de não ter coragem de assumir uma postura, de inalar qualquer líquido que adentre nefastamente, porém possa, enfim, te livrar de mim.
    Será que me acostumarei sem ti!? Será que já me acostumei com essas dores, idas e vindas?! Será que quero torná-las findas?!
    Pena, dor...
    Dó de mim, JAMAIS!!!
    Um dia, mudo o segredo da fechadura, talvez deixe a janela aberta... talvez!!!

  3. Carol Viana disse...
  4. Lembra aquela do "MALDITO PERNILONGO"??
    Já vou vir pro blog com um analgésico na mão... tá bem dolorido isso aqui...Ah, cansei de elogiar, deixa eu sacanear um pouquinho, vai... :P
    P.S. Tá todo mundo ruim??? Pq as vias aéreas por aqui tb não estão das melhores... a propósito, Lívia... arrasou no comentário... muito bom!!!!
    beijos

  5. Anônimo disse...
  6. Dores..
    A cabeça gira,o chão some,a vontade é enorme,a dor consome...
    Perdemos a razão,o juizo,dores que doem..
    Na alma e na carne.
    Na carne,a pilulinha mágica que desaparece,sem rendição...
    A dor da alma,ahhh essa é foda de curar.
    Beijos em ti

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