em cada bar dessa cidade.
E em cada sombra
eu via seu corpo projetado.
Em cada copo,
seu rosto me sorria.
E eu me embriagava.
Já te procurei
em cada rua dessa cidade.
Em cada semáforo.
Em cada árvore.
Em cada poste.
Mas estava embriagado demais
pra encontrá-la.
Quanto mais eu te procurava,
mais me embriagava.
E quanto mais me embriagava,
menos te encontrava.
Sou um sonhador?
Ou você apenas um sonho?
Já pensei ter te visto
em bordéis, em esquinas.
Mas nenhum rosto era familiar.
Nenhum gosto era o mesmo.
Por isso me embriagava.
E quando já cansado e embriagado,
me entregava a outros braços,
a outros corpos,
a outros becos escuros.
Mas nenhum deles era o seu.
Cheirando a sexo barato,
eu me sentava à sarjeta.
Jogado e renegado,
eu lhe escrevia versos
que você jamais iria ler.
E me embriagava.
Na sarjeta,
embriagado,
cheirando a sexo barato,
cansado,
miserável.
E ainda assim, procurando.
Quem sabe em outro bar.
Outra esquina.
Quem sabe em outro copo.
Em outros versos vazios.
Quem sabe?
De tanto vagar em busca,
encontro os primeiros raios do dia,
cortando os olhos e
ardendo a pele.
Refugiado, encontro novamente sua
ausência.
A noite volta e com ela
sua presença.
Eu quero te encontrar,
mas estou sendo arremessado
para outro canto.
E isso faz-me embriagar.
Agora já é outro balcão.
Mas as sombras são sempre as mesmas.
E nelas, seu corpo projetado.
Nos copos, seu rosto me chamando.
Você poderia ter sido
qualquer uma pra mim.
Poderia.
E eu fui apenas mais um
qualquer um
pra você.
É, eu fui.
Já faz tanto tempo que nem lembro
quanto tempo faz.
Nem em qual esquina foi.
Nem qual era seu nome.
Só me lembro do blues
que você deixou.
E agora é assim:
mais uma garrafa vazia,
mais um verso anotado,
mais um bar fechado,
mais uma esquina sozinha.
E eu, embriagado.
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2 comentários:
É o bêbado mais charmoso que já vi...
"Quem sabe?"....
beijos
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