O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Porém, sua melhor contribuição foi o poema abaixo, a melhor descrição de um amor calado, um amor sofrido em silêncio, um amor emudecido, um amor não-consentido:
O Amor
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar..
PS: Além disso, hoje também completa-se 29 anos da morte de Cartola... quem não se lembra dessa que é uma das mais belas frases sobre o amor na música brasileira?
Mas enquanto Pessoa recitava o amor, Cartola cantava a dor:
Acontece
Esquece o nosso amor, vê se esquece.
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que eu já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer, e você não merece,
Mas isso acontece.
Acontece que o meu coração ficou frio
E o nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo,
Ah, se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece.
3 comentários:
... ogros também amam....! Muito bom, Felipe!!!!!
Taí dois poetas que eu amo! Grata surpresa...
... ogros também amam....! +1
ahuhauah
adorei o post de hoje , muito bom mesmo..
muito bem bolado mesmo ;)
esse blog arrasa môvey xD
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