As noites de silêncio... quebradas por Mayra

Posted: | Por Felipe Voigt |
Ela é uma bela mulher... chamaria atenção apenas e simplesmente por seus atributos físicos e pelo lindo par de olhos. É filha de um famoso dramaturgo... e eu nunca teria a conhecido se não fosse pelo seu Twitter.

Ela também é escritora. Uma jovem escritora. E, após uma breve análise de seu conteúdo, me fiz a pergunta: "Caralho, como foi que não conheci essa pin-up antes?".

Mayra Dias Gomes tem apenas 21 anos... como se isso fizesse diferença! Aos 17, escreveu "Fugalaça", seu primeiro livro, com retoques auto-biográficos. Saca só: a personagem principal, Satine, é uma adolescente que perdeu o pai aos 11 anos e se vê envolta de um universo regado a sexo, drogas e rock and roll. É clichê pra caralho dizer isso, mas você precisa sacar do que se trata, porra!

O Globo trouxe trechos do livro-debute nesse link... vale a pena ler pra entender a linha literária da morena! Nesse link tem uma entrevista bem interessante também, falando sobre coisas e tal... manja?

E como nem tudo é apenas elogios e afins, "Fugalaça" também despertou sentimentos raivosos em algumas pessoas. Algo que apenas reforça aquela velha frase do mestre ululante Nelson Rodrigues: "A unanimidade é burra!".

Bom, Mayra está com um novo livro na área. Acaba de sair "Mil e Uma Noites de Silêncio", uma obra que, segundo a sinopse, é mais ou menos assim:

Clara é uma garota sem rumo. Vive uma existência suspensa, na qual os dias se arrastam sem motivação e o cotidiano é um ritual sem sentido. Depois de uma decepção amorosa, ela parte para Bongônia em busca de uma antiga amiga. Lá, além de Camille, Clara encontra um mundo tresloucado de prostituição, assassinato, drogas e glam rock, reencontrando também sua própria juventude perdida.

Interessante, não? Pois o lance fica ainda mais! Como mulheres lindas, inteligentes e fodonas sempre me chamam atenção, resolvi tentar uma entrevista com Mayra. Confesso que me deixou com mais vontade de conhece-la melhor através do seus livros... leia abaixo e veja se não te deixa excitado conhecer melhor essa mulher!



- Qual a principal diferença entre Satine e Clara?
- Minha nova protagonista é uma mulher de vinte e seis anos transviada pelos abandonos em sua vida, atormentada pela insônia, incapaz de lidar com a sociedade, medrosa, livre de drogas. “Mil e Uma Noites de Silêncio” é a história de sua busca por um laço humano. Enquanto em "Fugalaça", Satine tinha um monte de relacionamentos superficiais com todos os tipos de gente, Clara, em "Mil e Uma Noites de Silêncio", procura desesperadamente por alguém com quem possa ter um relacionamento verdadeiro - seja um amigo, um namorado, ou sua família biológica que a abandonou quando ela era somente um bebê. Podemos encontrar semelhanças nos temas: solidão e identidade. Contudo, se as duas personagens se encontrassem, provavelmente se odiariam.

- “Mil e Uma Noites de Silêncio" é uma ópera-rock ou um monólogo vanguardista?
- Você pode transformar em um monólogo vanguardista, se considerar o texto à frente de seu tempo, ou até em uma ópera rock, usando os personagens “death punk” de Bangônia como inspiração, mas o livro é um romance.

- Como essas personagens refletem, de fato, a Mayra em seu estado mental, emocional e psicológico?
- Satine é o alter-ego de um período. É a personagem que representa minha fase de depressão e autodestruição durante a adolescência. Fase que, acredito, a maioria dos jovens experimenta, e por isso puderam se identificar tanto com o livro. Clara é mais madura, tem conflitos existenciais diferentes. Diria que ela é meu oposto em um monte de coisas, e por isso, me representa através de antagonismos, sendo então meu medo e minha consciência. Não passei por nenhuma das situações no livro, mas senti e sinto um monte dos sentimentos. Por exemplo, o conflito de ser uma viajante: seguimos na estrada porque queremos ser livres e então nos sentimos abandonados.

- "Fugalaça" é uma espécie de retrato de uma geração imediatista e sem referências. “Mil e Uma Noites de Silêncio" confirma essa tendência ou há um certo "amadurecimento" no tema, sem perder o foco dos conflitos pessoais e sociais?
- Não há nada de imediatista sobre Clara, ela sequer usa a Internet. Quando vai em busca de uma antiga e idealista amiga, usa o correio para se comunicar. Ela é uma menina pura, que conviveu a maior parte de sua vida com pessoas idosas. Teve somente um homem, que a abandonou no altar. A história é mais madura, menos adolescente. Reflete uma geração marcada por relacionamentos familiares frágeis.

- Sua geração cresceu tendo a internet totalmente inserida no cotidiano. O fato de seus temas lidarem com a incapacidade de enfrentar as frustrações pode ser uma constatação de que a internet distancia as pessoas, aproximando-as cada vez mais?
- A Internet tem prós e contras. Quebrou as barreiras de comunicação e espalhou informação para o povo, mas também trouxe problemas como o imediatismo e a incapacidade de lidar com espera e longo prazo. Além disso, trouxe grandes problemas para a indústria fonográfica e matou o sentido de comprar CDs.

- Você usa bem o Twitter, onde 140 caracteres bastam para se comunicar. Mesmo assim, ele ainda é visto com receio pelos mais jovens. Como chegar até eles através de um livro, mesmo que o tema reflita uma realidade próxima da deles?
- É uma tarefa difícil, requer paixão e dedicação. Jovens têm a idéia de que ler é um saco. A obrigação de ler livros clássicos na escola faz com que pensem que literatura é perda de tempo. Poucos gastam dinheiro em um livro. Preferem balada, cinema, shopping. Por isso acho importante falar diretamente com eles. Para ajudá-los a enxergar que a literatura pode falar sobre o cotidiano deles tanto quanto a TV, a música, a Internet.

- Vc disse certa vez: "um escritor sem seu público nada mais é do que um solitário mentiroso". O quanto vc mentiu pra si mesma ao escrever “Mil e Uma Noites de Silêncio"?
- Eu nunca minto para mim mesma.

- Usar elementos auto-biográficos é uma forma de expurgar qualquer comparação com seu pai?
- Não. Não tem nada a ver. É somente meu estilo. Meu pai tem o dele e eu respeito.



Eu não li nenhuma das duas obras... mas pela atitude e pelo histórico da neo-pin-up, acho que vou ser obrigado a comprá-las. Qualquer um que aperte o "foda-se" para o mundo merece pelo menos uns minutos de minha atenção!

2 comentários:

  1. Alana disse...
  2. Ela é bacana mesmo. Também conheci melhor por causa do twitter.

  3. Jefferson Portela disse...
  4. Ainda nao aprendia a twittar mas eu chego lá. e só pra constar, o sivirino novamente está no ar. Onde vc pode achar? é facinho meu bom: digite www.blogsivirino.blogspot.com e - como é q se diz? - seja feliz :-) abraço
    Sucesso!
    Jefferson Portela

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