Passam dias, passam noites

Posted: | Por Felipe Voigt | Marcadores:
Lá pelos idos de janeiro do ano passado, quando montei esse blog, minha intenção não foi colocar apenas links e coisas boas, que me chamam a atenção na net. Minha primeira idéia foi criar um espaço que servisse de divã virtual para que minhas palavras não ficassem perdidas por aí. É a minha maneira de expressar minhas angústias e frustrações. Se quiser ler, tudo bem, vá em frente. Mas se não estiver a fim, melhor parar por aqui mesmo. Hoje preciso de um pouco de blogoterapia!

Inicialmente, preciso citar os caras do Matanza - banda do caralho - pra definir bem meu estado de espírito: mesmo que eu pudesse controlar a minha raiva, mesmo que eu quisesse conviver com a minha dor, nada sairia do lugar que já estava, não seria nada diferente do que sou.

Lamentávelmente, há semanas que ando me sentido ruim com várias posturas minhas. Chega a noite, mas o sono não a acompanha. Chega o sol e junto dele o meu despertar. Perdido entre as horas estou eu, com minhas incertezas e conclusões. Percebo que a certeza é pior que a dúvida. A vida não é como na Justiça, onde o benefício da dúvida nos deixa sempre com uma carta na manga. Aqui, no mundo real, estamos jogando com o destino... e o filho da puta sempre sai com um par de ases na mão!

Infelizmente, eu consigo enxergar com clareza tudo o que me acontece. Mas, não sei porque diabos, não sei aceitar. Não adianta tentar me confortar, me dizer que os desígnos são divinos e que pra tudo há um motivo melhor por vir. Não consigo concordar com as coisas como elas acontecem, mas não sou forte o suficiente para confrontá-las ainda. Com isso, o que acontece? Decepção aos que me rodeiam. Eu me fecho em meu mundo de gelo e apenas algumas pessoas estão autorizadas a entrar e me aquecer.

Antes que você pense, isso em nada tem a ver com crise existencial. Minha crise é circunstancial, é diferente. Sempre gosto de citar as letras do Paulão, pois o cara conhece do riscado. Em "Fernando Pessoa Blues", ele atenta para uma coisa muito corriqueira comigo: nunca soube de alguém derrotado, nunca ouvi ninguém dizer que perdeu. Todo mundo só se dá bem na vida e o único babaca sincero sou eu. Nunca soube de alguém enganado, nunca ouvi ninguém dizer que doeu. Todo mundo só faz coisas perfeitas e o único errado, atrasado sou eu.

Me diga uma coisa: porque o Grande Fodão lá em cima insiste em deixar que pessoas cruzem nosso caminho apenas para causar ira? Enquanto isso, pessoas que nos fazem bem voltam para o céu e se esquecem de nos levar juntos. Ainda não aprendi a voar, mas preciso de alguém com um par de asas para me ajudar. Existem anjos que não percebem que precisamos deles aqui embaixo. Mesmo assim, nos viram as costas e vão embora.

Adotei um estilo mais alternativo de ser porque é da minha natureza isso. Não posso me moldar ao status quo e aceitar passivamente as coisas. Não posso aceitar passivamente que um filho da puta qualquer estrague meu dia apenas por motivos que só sua índole é capaz de compreender. Não posso engolir que qualquer idiota omisso atrapalhe vidas alheias apenas porque não conhece suas limitações e não sabe lidar com as responsabilidades do cargo que ocupa. Sinto muito, mas não dá!

Meu pior defeito, então, deve ser não conseguir cumprir metade das coisas que prometo a mim mesmo. Se eu fizesse isso, nada iria mudar o que penso sobre as pessoas e sobre o mundo. Mas me faria um bem enorme ver certas pessoas receberem de volta todo o mal que causou à pessoas de bem, mas que no alto de sua "isenção" e arrogância, não nota que só atrai ódio e discórdia no ambiente em que vive. Não tem jeito, existem coisas que só um tiro de 12 faz por você...!

Os mais radicais vão dizer que eu estou sendo muito... radical! Que pensamentos assim só atraem coisas ruins e que preciso pensar em mim primeiro. Isso eu sei muito bem, mas no momento em quem encontro, auto-ajuda não vai fazer efeito imediato. Agora o tratamento precisa ser de choque e a curto prazo. Pensar lá na frente eu penso quando chegar amanhã. Eu preciso de um efeito imediato. Mesmo conhecendo a doença e sabendo que sua cura é inviável, ainda assim preciso de um formol pra aliviar a dor!

Vejo que o que vale a pena, hoje, é me segurar nas poucas referências que ainda me restam. Esse ano perdi muita referência que tinha... mas muita mesmo. Não sabe o quão ruim é ter de lidar com certos sentimentos e não ter como desabafar, por medo de não compreenderem pelo que passo. Ou ainda porque existem coisas que somente eu sei como acontecem... é complicado mesmo abrir o jogo, assim, na lata. Muita coisa envolvida, muito chão a percorrer ainda até que consiga, enfim, respirar!

O jeito é viver hoje, esperando o amanhã. Mas sempre lembrando o ontem...

Chorar não vale mais a pena. Mas ainda restam muitas lágrimas a cair....

Eu só preciso saber: até quando?
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