Duas horas na rodoviária

Rodoviária de Campinas.... a nova rodoviária, usada em campanha pelo prefeito reeleito Dr. Hélio. De fato, está bem bonita... diferente da outra, antiga e sem estrutura para receber o caralho de pessoas que recebe atualmente.

Chego de Caraguatatuba, depois de três dias de chuva e tédio. Voltei a trabalho, mas... mesmo que não precisasse, eu voltaria. Odeio praia. Odeio a combinação sol-sal-areia-calor. Sou um ser urbano, porra! Maresia não é comigo mesmo!

Meu próximo ônibus parte as 17h30. São 15h30. Ou seja: duas horas sem fazer nada. Encontro um quiosque de chopp Brahma. Pronto: já sei onde passar essas horas. Peço um chopp. A atendente Tatiana me informa que só tem de 500 mls. Uatarrel, manda ver!

Me sento e vejo uma moreninha assaz interessante sentar-se à minha frente. Mas, meu intuito em vê-la é apenas cientifico: quero ver quantos dos cuecas de plantão se atrevem a cortejá-la (termo antigo, eu sei.... foda-se).

O foda é que to com fome também... e a única coisa comestível, além da moreninha, é um Opa da Elma Chips, aquele salgadinho de polvilho em forma de bolinha com um amendoim no meio. Desce um, Tati!

Ai me pego fazendo algo que há tempos não faço: observar o ser humano em seu habitat natural. Ou você acha que uma rodoviária não expõe o que de melhor (e de pior) a raça humana tem a oferecer?

Começo naquela linha de pensamento clichê: tentar saber o que cada um está pensando e quais experiências de vida cada um traz. Claro que logo fujo disso... isso é fácil e básico para qualquer neo-escritor/blogueiro/jornaiista e o caralho a quatro.

Enquanto o chopp desce maravilhosamente bem, vejo um mané tentar aproximação da moreninha. Ela estava mexendo no celular, mandando sms pra algum otário, quando surge um otário com boné e camisa do Corinthians. Pensei: toco na certa.

E é claro: ela nem deu atenção para as piadinhas sem graça dele sobre o tempo e a nova rodoviária. Ri sozinho... assim como um casal logo atrás do "curintiano".

É gozado como tem gente se acha apenas pelo fato de ter nascido. Tanto homem quanto mulher. Eu, no lugar deles, ficaria com vergonha de ter vindo ao mundo. Ainda bem que meu senso auto-crítico é muito subjetivo. E vai se foder você, caraleo.

Acaba meu primeiro meio litro de chopp. Tatiana puxa assunto... reclama da patroa. Claro! Sotaque nordestino... diz que está ali através de uma empresa terceirizada de recursos humanos na área de alimentação. Diz que não gosta de ficar ali, pois a "patroa" é metida demais. Coitada, se fosse mais bonitinha, até daria pra investir. Mas... melhor trazer outro meio litro, querida!

Uma dupla de amigos na mesa ao lado toma um chopp e joga baralho. Acho que é truco... sei lá! Só sei que estão se divertindo. Logo levantam, depois de quase uma hora, e vejo que tomaram apenas um chopp cada... de 300 mls, ainda. Puta que me pariu, vão se foder, caraio!

Uma mãe encosta ao meu lado e pergunta as horas. Estava com a filha de poucos meses ao colo. Loira bonita, nos seus trinta e poucos anos... mas, não me chama a atenção. Não sei por quê, mas dificilmente tenho visto uma mulher que me atraia. Posso olhar com olhares científicos apenas, mas sei apenas uma coisa: não são nenhuma diva, se é que me entende. E divas, meu caro, está cada vez mais raro. Divas são mulheres que lhe fodem, literalmente, a cabeça. Manja mulher que sabe que pode te ter a hora em que quiser? Então... as divas sabem disso. Pra sua infeliz felicidade, velho!

Volto a me atentar para a moreninha à frente. Ela se levanta e, com ar de quem sabe que está atraindo olhares, arruma o cabelo, pega o celular e sai, toda toda. Mulher assim, meu caro, é dor de cabeça no ato. E como gostamos de uma enxaqueca assim, não? Homem é bicho idiota...

Me despeço de Tati, já que meu segundo e ultimo chopp está no fim. Um litro em uma hora é o básico... nada de mais, nada de menos. Pago R$ 18,00 e vou ao banheiro, Pago mais um real para mijar... sacanagem isso. Antes tivesse uma gueixa lá pra sacudir pra você... mas não, você mesmo quem faz o serviço. VTNC!

Desço para a plataforma 40. Uma família de nordestinos se senta ao meu lado. A família é grande: painho, mainha, vô e vó... além de sobrinhos, primos, papagaio, cachorro, paca, tatu... até cutia. Alguns arriscam olhar o que escrevo. Olho por cima do meu Ray Ban "caçador" e fuzilo os xeretas. Vão ler bula de remédio, buceta!

Tenho ainda meia hora. Mas apenas 10 minutos de bateria no note. Não sei como finalizar essa porra que agora escrevo... Tem horas que viver de escrever enche a porra do saco. Você precisa ter opinião formada sobre tudo... mesmo que seja uma metamorfose ambulante.

Apenas sei que hoje não encontrei nenhuma diva no caminho. Como disse, divas são seres raros e únicos. Mas, sigo tentando... ainda encontro uma e lhe digo como identificá-la. Se bem que você saberá quando vir uma. Ah, isso você saberá mesmo... depois não diga que não avisei.

Bom, chega de tentar ser escriba. Tenho um "Arqueiro Verde – Ano Um" para ler nessa hora que me separa de Limeira. Oliver Queen terá de me fazer esquecer, por ora, uma certa rainha...