Um ano de casado

Posted: | Por Felipe Voigt | Marcadores:
Imagine-se num barco em alto mar.
Você, marujo de primeira viagem, conta com apenas uma pessoa na tripulação.
Que também é inexperiente no velejar.

Vocês enfrentam tempestades em algumas noites.
Apreciam lindos horizontes em várias manhãs.

Contemplam estrelas e a lua em outras noites.
Passam por tardes nubladas e cinzentas em outros dias.

Muitos mentiram pra vocês e disseram que a viagem seria tranquila e sem grandes tormentas.
Outros foram realistas e até ousaram dizer que o barco foi feito para afundar após um tempo em mares desconhecidos.

Mesmo assim, você e seu tripulante insistiram em levantar a âncora e seguir em direção ao vento.

E depois de um ano, ainda estão se acostumando com os percalços enfrentados diariamente.

Há dias em que você dorme na proa e ele na popa.
Em outros, ambos dividem a cabine do capitão.

Há épocas em que seu tripulante assume o timão... e você se sente um reles lacaio.
Em outros, você deixa aflorar seu lado Barba Negra e se sente um verdadeiro corsário.

Há ainda aqueles dias em que você sente saudade da terra firme e promete às estrelas que irá aportar no primeiro porto seguro que encontrar.

Mas, inexplicavelmente, seguem a viagem. Por qual o motivo? Qual a intenção em se lançar nessa odisséia controversa, arriscada, instigante e fascinante?

Muitos alegam que o destino final faz valer a pena enfrentar a onda mais forte e o vento mais ingrato.

Eu não tenho essa ilusão. Não sei qual o destino do meu pequeno barco.
Sinto que se soubéssemos onde a viagem acaba, talvez nem tivessemos levantado âncora.

Mas, o que posso afirmar com certeza, é que todos nós embarcamos pelo mesmo motivo: o simples prazer de velejar acompanhado.

Explorar o desconhecido, travar batalhas contra você mesmo... e ser questionado em sua índole, seu caráter e seus conceitos. Enfrentar você mesmo. E conviver com a dúvida de que se isso é bom... ou é ruim.

Pode ser que afunde. Pode ser que encontre um arquipélago divino.
Outros tripulantes podem se juntar na embarcação durante o velejo.
Ou você pode ainda saltar, com um colete salva-vidas atrelado a ela caso queira voltar.

Mas você sabe que no fundo, tudo o que importa é navegar.

Sábado fiz um ano de casado. E ainda estamos navegando.

À minha parceira de convés, meu muito obrigado.

3 comentários:

  1. O sonho não acabou disse...
  2. Sempre soube que vc tinha uma sensibilidade muito forte. Apesar de alguns dizerem que vc tinha filosofia de botequim. Bonita esta declaração de Amor p Ana.

    Parabens pelo poema.

    Janjão

  3. Gallego disse...
  4. parabéns pela boda de papel...

  5. Sandra Alves disse...
  6. Caro Felipe!!!!
    Navegar é preciso!
    Hasta lá vista...

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