A reintegração em Cordeirópolis

Posted: | Por Felipe Voigt |
As cinqüenta famílias que invadiram um terreno particular no Jardim Eldorado, em Cordeirópolis, no ano passado foram retiradas na fria manhã de quinta-feira. Muitas famílias já haviam construído casas de alvenaria, que foram demolidas por tratores. Cerca de 100 policiais participaram da operação, que teve início às 6h. Há sete meses a Justiça concedeu a reintegração de posse e a retirada revoltou muitos moradores, que disseram não ter para onde ir. A Assessoria de Comunicação da Prefeitura emitiu uma nota dizendo que a administração não vai se pronunciar sobre a reintegração pois o caso é particular.

E é aqui que começa o problema. Veja bem: a Prefeitura disse que não vai se pronunciar porque a reintegração era de uma área particular. Mas se isso aconteceu, é porque o governo é omisso na questão de moradias populares na cidade. Essa nota mostra o quão covarde o prefeito Féio é em enfrentar os problemas sociais existentes em Cordeirópolis. Sinto muito, mas não dá pra aceitar passivamente essa situação. Ver tamanha omissão assim deveria ser caso de polícia.

Não estou aqui pregando que o prefeito deve ser complacente com invasões de terra. Pelo contrário: deveria nunca deixar isso acontecer. Mas como fazer para que esse problema se resolva? Muito simples: abra sistema de moradias populares em regime de mutirão, com pagamento de parcelas mínimas. Todas as cidades fazem isso, porquê aqui não? Saber identificar o problema e buscar a solução é dever de um administrador público. Mas para isso, é necessário afinidade com o povo... não dá pra cobrar isso de alguém que não olha nos olhos da população.

Outra coisa que me causou revolta foi a ausência de vereadores no local. Nenhum dos eleitos pelo povo estava por lá, buscando saber se as famílias precisavam de algo ou de alguma ajuda. Ou até mesmo para fiscalizar o despejo das famílias e se o atendimento estava sendo feito como deveria. Mesmo que fossem invasores, ainda são seres humanos carentes de Poder Público. O vereador Reginaldo Martins da Silva, por exemplo, é um dos parlamentares que estavam presentes quando houve a invasão em agosto, mas que estranhamente sumiu na quinta-feira.

Que fique claro aqui que a Polícia Militar apenas cumpriu seu dever ao comandar o despejo. Assim como a Justiça também, ao conceder a reintegração de uma área particular. O grande culpado disso tudo é o prefeito Féio. Não adianta espernear nem me xingar pelas ruas da cidade ou corredores da Prefeitura. Não estou dizendo nada além da verdade. São problemas simples de serem resolvidos, mas que por motivos que fogem da minha compreensão, ainda não estão em planos para serem solucionados.

E outra: como pode a Assistência Social chegar somente as 9h para atender as pessoas que foram despejadas às 6h? Quem esteve no local como eu estive pode notar que o frio estava demais. Crianças chorando, sentadas nas guias da rua, tremendo de frio. Será que houve tempo dos pais prepararem algum café da manhã para os filho? Claro que não! Nesse ponto, houve também desleixo por parte da Assistência Social. Chegar três horas depois do que tudo aconteceu é um desrespeito com a vida humana. Isso sem falar que houve casos de famílias que continuaram no local até a noite. Isso é inacreditável!

Cabe aqui um adendo: o dinheiro que as famílias do Assentamento XX de Novembro receberão e que foi anunciado essa semana foi uma iniciativa da Caixa Econômica Federal. Ou seja, toda a verba destinada será proveniente de recursos federais. Quero ver alguém na Prefeitura se dizer "pai da criança". Se fizer isso, estará mentindo. E eu tenho como provar que é mentira. Portanto, devagar com o andor, pessoal!

Voltando ao caso da reintegração, eu desafio aqui a algum vereador a tocar no assunto na próxima sessão. Eu estarei presente e quero ver quem terá coragem de abordar o assunto e propor soluções, sem fazer demagogia ou política em cima do problema. Eu vou ainda mais adiante: duvido que o prefeito Féio tenha hombridade de comparecer na sessão e pedir a palavra para explicar o motivo da Prefeitura não se pronunciar sobre o caso. Ou para dizer quais são os projetos em andamento para a questão de moradias populares na cidade.

Se está louco para me ver quebrar a cara, a hora é essa!

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