Um amigo que se vai...

Acabei de receber uma notícia que acabou com meu dia. Sabe aquelas bombas que você recebe sem sequer esperar?

Um dos meus amigos de colegial morreu de overdose há pouco tempo. E o pior é que, passado pelo menos seis anos desde a última vez que conversei com ele, sempre ficava aquela esperança aberta de conseguir reencontrá-lo apos tantos anos. Nessa era orkutada, ele foi um dos primeiros que procurei para ver seu perfil e manter contato. E continuava nessa busca de tempos em tempos.

O Rafael Candian era um cara que podia ser chamado de camarada. Curtia rock, rolava bons papos com ele naquela época, sobre bandas, guitarras e vocalistas. Apesar de curtir muito Nirvana, ele era um profundo conhecedor de música. Foi com ele que tive meu primeiro e único ensaio em uma banda.

Não posso me perdoar agora por ter demorado tanto para reestabelecer os laços fraternos. Deixei muito tempo se passar. Outros interesses vieram à tona, novos amigos foram surgindo, problemas da vida pós-18 começaram a aparecer... mas nada disso é aceitável em se tratando de caras como o Rafael.

Lembro-me agora quando fomos para Porto Seguro na formatura de colegial. Pichamos ele de pasta de dente quando dormia de ressaca, após uma noitada. Veio à mente sua reclamação da invasão de todos os outros amigos em noso quarto, transformando-o praticamente em um quartel.

Há cerca de 4 anos, cruzei com ele no estacionamento do Sempre Vale. Eu saindo de carro, ele entrando a pé. Não deu tempo de parar e chamá-lo. Ele meio que olhou para trás, sem ter a certeza se eu era eu mesmo. Será que se tivesse mantido contado, se tivesse engatado a ré naquele dia e descido do carro mesmo sem poder, teria percebido algum problema nele? Teria conseguido ajudar? Seria útil minha amizade para lhe dar pelo menos alguns anos a mais de vida?

Nunca liguei muito para a morte. Vivo com essa certeza e não me incomoda saber que todos morreremos. Ao contrário, fico feliz em saber que nada é eterno, sempre há renovação. Mas não consigo aceitar que a morte tenha me tirado a oportunidade do último abraço, da última risada, do último comentário sobre a maior banda de todos os tempos da última semana.

Só espero que realmente exista um Deus do outro lado, não importa em que time ele jogue. Esse cara Ele precisa deixar entrar em campo, de qualquer jeito.

Morreu de overdose. Como vários ídolos que ele adorava imitar na guitarra.
Não chegou a ser um rockstar, mas morreu como um. Same old situation...

Foi mal, brother. Até a próxima!

UPDATE: Assim como existem caras como esse, existem alguns filhos da puta que brincam com coisa séria! O Júnior, mesmo amigo que me avisou do ocorrido, me informa que tudo não passou de uma brincadeira de outros amigos em comum. De bom, fica a certeza de que ainda há chances de tudo isso que falei acima se concretize. De mal, resta apenas o desgosto de saber que pessoas brincam com coisas muito sérias. As vezes, certas amizades devem ficar no lugar que sempre lhes foi de direito: no passado!


UPDATE 2: É inconcebível percerber que tem gente que ainda consegue se divertir com o que aconteceu. Se fui vítima de uma pegadinha de gosto extremamente duvidoso, o motivo pelo qual me deixei enganar não é motivo de vergonha alguma. Claro que, como jornalista, o que se espera em um caso como esse é que se pesquise a informação primeiro. Mas como poderia saber que existem seres humanos capazes de brincar com a morte de um amigo e ainda rir como se fosse uma piada de loira?


LIÇÃO APRENDIDA: Existem coisas que só um tiro de 12 faz por você!