Welcome to real world, bitch...

Posted: | Por Felipe Voigt | Marcadores:
Chegamos ao horto florestal limeirense por volta das 22h30. O motivo era simples: mais uma vez, curtir o show da maior banda independente do país. Quem me conhece sabe que não posso deixar passar um show das Velhas Virgens...

Pode até parecer exagero, coisa de fã extremista, mas a verdade é que eu gosto pra caralho dessa banda. Já postei aqui várias razões para essa admiração: o talento dos caras, a qualidade musical, a ousadia, autenticidade, honestidade e cumplicidade com os fãs.

Não são raros os depoimentos de pessoas que passaram a aceitar melhor o discurso da banda (acredite, isso é difícil pra muita gente) depois de assistirem a um show ou conversarem por cinco minutos com qualquer um dos membros (!).

Na madrugada de quinta-feira, não foi diferente. Aparentemente vazio, o local demostrava que a noite seria fria, mas não no sentido climático. Causou até uma certa estranheza o fato de que não havia muita gente para a abertura do Limeira Motorcycle 2006.

Entre os poucos gatos pingados próximos ao palco, foi possível avistar a Lili, responsável pela voz feminina nas VV. Quem não a conhece, poderia muito bem achar que se trata de uma simples adolescente roqueira preocupada apenas em chupar a língua do namorado. Mas não é tão simples assim: ela assumiu o posto deixado por Cláudia Lino, a primeira vocalista, e Roberta Gutti, que entrou após a saída de Claúdia. A responsabilidade de Lili é grande. E isso poderia muito bem subir à cabeça dela e poderia causar um certo estrelismo caso fosse uma outra qualquer. Mas a Lili não é disso e foi por esse motivo que conquistou tão rapidamente o carinho dos fãs. Aliás, ela até merece uma entrevista a parte desse bando de cuecas...

Estávamos postados em pé há cerca de 100 metros do palco. De repente, ao meu lado, surge uma figura meio estranha, porém conhecida. Como nesse tipo de evento o que mais existe é elemento surpresa, dei uma conferida melhor: realmente, eram eles. Surgidos no meio da multidão, que aumentava em doses homeopáticas, a Banda das Velhas Virgens apreciava normalmente o início do show do Guns ´n´ Roses cover.

O gozado foi notar que não eram abordado por ninguém. Aquelas centenas de pessoas, que pagaram ingresso para vê-los tocar e que compram seus CDs, cantam as músicas de cor, ignoravam a presença da banda no chão firme. Longe dos palcos, eles são como nós. Eis a grande diferença e virtude em relação à outras bandas. Não há estrelas aqui, sabem que a constelação já está cheia...

Paulão cortou o cabelo. Está com um visual meio neo-nazista, mas apenas o visual, que fique bem claro... Cheguei por trás, como ele gosta, e alisei sua careca recém-maquinada. Havia combinado com ele por telefone de nos encontrarmos antes do show. Foi quando fiquei sabendo que iriam chegar por volta das 11h, direto para o horto, sem hotel. Marquei também de ligar por volta das 22h30, apenas para confirmar se estava tudo dentro dos eixos. Não liguei.

E foi essa a primeira coisa que este senhor de 41 anos me disse: que me esperou ligar até aquela hora. Sabe aquela coisa de namoradinha que fica ansiosa pelo retorno no amado. Então, algo parecido... mas após o abraço, ele se acalmou.

Conversamos por meia hora, aproximadamente. Mas Paulão preocupava-se em reforçar mais os laços com a afilhada, já que comigo a putaria rola desde 2000. Trata-se de uma amizade quase não-presencial, já que conversamos pessoalmente algumas vezes, ora em shows, ora em visita ao SBT. O contato principal é por e-mail, orkut e telefone. Seja para quebrar um o galho do outro em trampos, seja para dar conselhos pessoais. Afinal, o coitado é corintiano... precisa de um aconselhamento periódico.

Eis que a já citada Lili aparece e cumprimenta Caio, Cavalo e Tuca. O baterista Lips ainda não tinha chegado, estava trabalhando até mais tarde. Assim como Paulão, que ficou até as 19h no SBT cuidando da produção do Teleton 2006. Vida de músico alternativo é assim: não dá pra depender apenas de shows e CDs. Se bem que as VV já estiveram em águas mais agitadas. Hoje o lance é curtir um pouco a brisa, que está a favor.

Aproveito e faço uma foto para colocar aqui. Paulão não está presente, pois como já disse, quer estabelecer mais contato com a Ana. Esse fato chama um pouco a atenção dos presentes em volta e um assédio tímido é notado em algumas pessoas. Um ou outro chega e troca idéia, os outros apenas observam de longe. Depois disso, Paulão vai para o camarim e pede que passemos por lá depois. Lili sai com o companheiro, Cavalo vai buscar uma cerveja e o bando se dispersa.

No camarim, entre uma conversa e outra, a hora passa. Fiquei um bom tempo conversando com o Fernando Banas, produtor da banda. Deixo certo um esquema para um show em Cordeirópolis no final do ano, com promoção do jornal em que sou responsável. Mas isso fica como surpresa, não conte à ninguém. Aliás, esse cara também merece uma entrevista. É bacana pra caralho...

Encontro também o Wágner Morente, um puta fotógrafo aqui de Limeira. Ele faz uma série de fotos no backstage e que logo colocarei aqui.
(JÁ COLOQUEI LÁ EM CIMA, AS 4 PRIMEIRAS)

Paulão já estava vestido de Barba Negra, estilo pirata do caribe tupiniquim. É aqui que entra uma curiosidade: antes do show, o bicho precisa incorporar alguma entidade para subir no palco. É algo meio neurótico, meio mis-en-scene. Sempre foi assim: de um lado para o outro, caminha meio que em busca desse ser que o ajuda a ser o grande showman que é no palco. A expressão em seu rosto é estática, quase um transe. Não queira conversar com ele naquele momento. Ele não vai te reconhecer. Nem ele mesmo se reconhece...

A banda sobe. Paulão fica. A multidão grita. Começam os primeiros acordes da guitarra. Paulão se dirige à escada de acesso ao palco. Em seu rosto, um sorriso surge. Os olhos brilham. As mãos acompanham o riff. Ele sobe. Definitivamente, o show começou.

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