Paulão fala sobre o novo CD das Velhas Virgens: CUBA NA JARRA

CUBANAJARRA – Piratas de nós mesmos!

A maior banda independente do Brasil completa 20 anos com um trabalho memorável. A Banda das Velhas Virgens lança seu novo trabalho inédito em maio: Cuba na Jarra, uma volta as origens da banda, um barco pirata nos mares da industria fonográfica. E para celebrar com o mesmo furor do início, chamaram Paulo Anhaia, produtor dos dois primeiros álbuns da banda, para retornarem ao velho estilo: músicas diretas com letras sem subentendidos.

Quem garante a festa é o vocalista Paulo de Carvalho, que afirma: “voltamos com o bom e velho rock’n’roll sem firula com a veia pulsando entre o punk e o blues safado. Retomamos tanto a sonoridade como a atitude do começo de carreira“. Já o guitarrista Alexandre Cavalo vai além. “Vamos botar a Cuba na Jarra, nossa nau de guerra, no mar e partir para abordagem! Queremos pilhar, esquartejar, queimar e nos embriagar como os velhos bucaneiros lobos do mar“.

Confira abaixo a entrevista feita com os dois e entenda o motivo de terem tamanho prestígio entre os fãs. Os números falam melhor: 20 anos de carreira, mais de 150 mil CDs vendidos, sete álbuns, um CD Rom, um DVD e uma autobiografia lançados, uma média de 100 shows por ano e um site com 40 mil cadastrados.

- Não dá para fugir dessa: porquê Cuba na Jarra?
PAULÃO - A música foi composta e deu nome ao CD por conta de um show que eu e Cavalo assistimos do Made in Brazil num bar em Sampa, onde, indignados com o tamanho dos copos de cuba, pedimos jarras ao barman e começamos tomar a tal cuba na jarra. Eis que começamos a fazer associações entre cuba e rum e piratas e surgiu todo oconceito de imaginar o palco como um barco pirata e a gente pirateando nós mesmos. Tanto que vamos encarnar o visual pirata e eu entrarei a caráter. A roupa está pronta. O visual do CD é de um mapa do tesouro. É isso. Cuba na Jarra é o nome deste navio pirata !!!

CAVALO - O grande lance do Cuba na Jarra é que fechamos um ciclo com esse cd. Ele retoma nosso começo de carreira. Músicas simples, batera baixo e guitarras sem frescuras. A gente vai conseguir levar as músicas pro show iguais ao Cd e isso nunca aconteceu. Sempre gravamos com muitos instrumentos e muitas vezes o ao vivo ficava muito diferente. Cuba na Jarra tem, além dos novos e hilários personagens do Paulão e da Lili, músicas diretas e acho que a galera vai gostar e mesmo quem não curte rock vai se divertir.


- As letras seguem a linha do Senhor Sucesso e Com a Cabeça no Lugar, com temas diversos e até críticas socias, ou voltam aos velhos tempos do Foi Bom Pra Você, tratando especialmente de mulher e bebida?
PAULÃO - Voltamos a nos preocupar apenas com putas, rock, cerveja e diversão. É uma volta ao espírito esculhambado dos dois primeiros cds. Por causa da internet, recebemos muitas coisas que ficaram evidentes nas experimentações dos últimos dois discos de estúdio. Cansamos um pouco e voltamos para a coisa mais básica, que é cerveja gelada, noita e mulher pelada. Voltamosdefinitivamente para o bar. E musicalmente, está mais rock que nunca!

CAVALO - É uma coisa mais para o Você Não Sabe Como é Bom Aqui Dentro. As músicas falam de sexo ou balada! Musicalmente, optamos em fazer exatamente como vai ser no show. Eu achei o melhor resultado entre todos os cds. Teremos novos visuais do Paulão e da Lili e o show vai ser incrementado com telão, infláveis e cenários novos, enfim tudo novo!


- Quais serão as músicas desse cd que serão tocadas nos shows?
PAULÃO - São 13 músicas novas e pretendemos, incialmente, colocar pelo menos umas 8. É uma tentativa de mudar radicalmente o show e deixar alguns antigos sucessos de fora. O cd sai em maio e aí deve começar a nova turnê. Mas já temos tocado as novas músicas nos shows. As mulheres e Nelson Rodrigues é um texto do Nelson que eu só juntei um refrão. Acho poderoso citar um dramaturgo como ele falando de um assunto tão próximo das Velhas Virgens. Paulão foi pro Bar é um desabafo... Uma coisa meio surreal do sujeito que, num dia de furia, resolve ir ao bar e dar cabo da existência. Esse seu Buraquinho é uma onda meio Léo Jaime meio Johnny Rivers, uma baladinha anos 50 falando de sex oanal. E Quero te ver Gozar pelo Cu é uma experiência mais eletrônica insopurada em Marylin Manson. Com esta vou fazer sucesso no love story, eh,eh,eh...

CAVALO - Gim no pingado é uma mistura de ZZ Top com Tito & Tarantula, no melhor estilo Tarantino. A stoniana Dinheiro pra Torrar é pra quem sabe usar o dinheiro suado que ganha. Basta ver o refrão: “Eu não preciso de muito dinheiro mas eu preciso muito de dinheiro pra torrar“. Seu Garçom é um presente pra nossa nova vocalista, onde mandamos um punk rock adolescente pra garotas cantarem.. coisa pra molecada se divertir e beber! Novamente as referências são os novos discos do ZZ Top, tanto na temática como na execução. Guitarras sem compromisso fazendo riffs em tempo integral sem cortes e o baixo distorcido. Mea Culpa é um blues elétrico e pesado. Tudo que a gente faz é pra ver se come alguém, nada mais Velhas Virgens que misturar Ramones com Ultraje. O nome da música diz tudo. Em Arca de Noé não temos outro termo pra designá-la como um country safado. Na onda de contar histórias de bêbado temos Bafo de Jibóia, uma pérola da desculpa esfarrapada de sujeito embriagado. Os Cramps são nossa referência em Cretina só que misturando com sonoridades modernosas do Audioslave.


- E quando veremos um trabalho do Coelho de Alice gravado?
PAULÃO - Devo entrar em estúdio daqui duas semanas e o projeto é que o cd saia antes de agosto. O site tá quase pronto, onde disponibilizaremos letras e músicas.


- Vocês já estão nos 40. Mas a performance no palco parece ter melhorado com o tempo, igual aos vinhos. É certo dizer, então, que a receita beber-meter-tocar é o elixir da juventude?
PAULÃO - Espero que você esteja certo. Me sinto bem. Após uma crise dos 40, comecei a me achar um "velhinho abestado", metido a jovem, eterno adolescente, sei lá. Mas passou. Minha vida nunca foi muito normal mesmo, por que então esperar que eu fosse um quarentão normal? Tô feliz, fazendo academia de dia e bebendo de noite. O gás no palco tá bom e vamos em frente, então. Os fãs dão o combustível!

CAVALO - Não dá pra ser Velhas Virgens e não ser eternamente adolescente. Podemos dizer que seremos sempre adolescentes sem idade definida! Espero tocar até os 70 anos a mesma temática que toco hoje! Vai ser divertido!!