O que aconteceu nos bastidores da maior banda independente do país ao longo de seus quase vinte anos de existência? Quais os impactos da fama em um grupo que se formou de maneira descompromissada e atingiu o ápice sem precisar do apoio da grande mídia? O que esperar de uma banda que pede para que as mulheres abram suas pernas e afirmam que tudo o que fizeram foi lindo, mas foi só pra te comer?
Essas perguntas poderão ser encontradas no livro “Velhas Virgens: 18 anos de bar em bar” (Gabaju Records/Ateliê Editorial). Os autores Ricardo Gozzi e Alexandre “Cavalo“ Dias (guitarrista da banda), reuniram histórias resgatadas da memória dos cinco integrantes. Além de Cavalo, fazem parte: Paulão (vocal e gaita), Lips (bateria), Caio (guitarra) e Tuca (baixo). Em 192 páginas, é possível descobrir como a banda formada na zona norte de São Paulo em meados dos anos 80 se tornou o maior fenômeno musical independente dos últimos anos.
Lançado em outubro de 2005, nas comemorações dos 19 anos de carreira do grupo, o livro conta também com um caderno de fotos que ilustra a carreira etílico-musical. O site montado para divulgar o livro traz 26 histórias inéditas que não couberam no livro e uma música gravada em um show de 1988. Além disso, aquele que comprarem o livro poderão baixar mais músicas inéditas no site.
Lá é possível conferir histórias como essa:
Tocando o Puteiro
Saindo de um show em Ponta Porã, Cavalo levou Tatá, Marquinhos e outros companheiros para a primeira viagem internacional de suas vidas. Atravessaram a pé a fronteira com o Paraguai e passaram algumas horas em Pedro Juan Caballero. “Resolvemos então tomar umas cervejas paraguaias. São baratinhas. Alucinado, o Tatá começa a berrar: ‘Ayala, Ayala, eu tô aqui, Ayala.’
Só pra esclarecer, Ayala é um técnico de som paraguaio bastante conhecido na noite paulistana. Então saímos em busca de puteiro, mas eram 7h da manhã e, cá entre nós, até as putas descansam.”Pois é, até as profissionais do sexo precisam relaxar. Mas esqueceram de contar isso para um pessoal que contratou as Velhas Virgens para um show no Paraná. Resultado: mais um dos inúmeros episódios indigestos vividos pela banda em prostíbulos espalhados Brasil.
“Certa vez, fomos fazer um show no Paraná e um dos caras que nos contratou disse que mandava na cidade. Ele garantiu que a gente podia tocar até tarde e depois faria qualquer puteiro funcionar na hora que a gente acabasse o show”, lembra Paulão. Até seria interessante se fosse verdade.
Razão do sucesso
Se existe uma palavra que resume as Velhas Virgens é “autenticidade”. Mesmo tendo uma gravadora própria (Gabaju Records), seis discos, um DVD e um CD-Rom, os integrantes da banda continuam sendo os mesmos bêbados, loucos e roucos de antigamente. Tratam os fãs com respeito e são respeitados por isso.
Sempre ligada nas necessidades de seus seguidores, montaram um site para manterem contato com a legião de fãs através dele. Para se ter uma idéia de como essa ferramenta é essencial no esquema de divulgação, a newsletter oficial possui mais de 30 mil cadastrados e no orkut são 60 comunidades (a maior delas com mais de 28 mil membros).
Tentando atender a tantos ouvintes, para esse ano, além dos shows acústicos realizados em todos os domingos de janeiro, há a previsão de um novo CD para abril e de outro DVD para outubro, durante as comemorações de duas décadas de estrada. A experiência “unplugged” também poderá virar um álbum.
Tamanha admiração corresponde em números: são mais de 100 mil CDs vendidos e cerca de 150 shows por ano. Mas a competência não está apenas nas letras e no exército de seguidores. A pegada blueseira e o vocal potente de Paulão fazem das Velhas Virgens a maior banda do Brasil. Independentes ou não!
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