Briguei com a política

Posted: | Por Felipe Voigt | Marcadores:
Houve uma época em Limeira em que havia esperança nos eleitores. Houve um momento em que todos acreditavam que estavam escolhendo o certo, atirando no alvo. Eu fui um desses iludidos eleitores. Depois de ter acompanhado todas as sessões ordinárias da Câmara Municipal de Limeira nesse ano, há algumas semana parei de assisti-las. Não por falta de tempo ou outra impossibilidade. Parei porque briguei com a política.

O principal motivo que me levou a deixar de presenciar o espetáculo produzido por nossos nobres edis foi a demagogia e inconsistência de seus discursos. O que mais incomoda é o expediente adotado por boa parte dos parlamentares: ao serem questionados sobre determinado ato ou opinião, logo rebatem, dizendo que só aceitarão críticas quando o crítico se candidatar a algum cargo político. “Vá ser candidato primeiro, depois venha criticar”, dizem.

Talvez seja implicância minha, mas a Constituição Federal, em seu artigo 5, garante a “livre a manifestação do pensamento”, assim como “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.

Todos nós, cidadãos, somos desafiados pelos parlamentares a passarmos por um processo eleitoral antes de falarmos qualquer coisa que possa atrapalhar o “excelente” trabalho realizado por eles. Mas será mesmo que só teremos a chance de questionar, por exemplo, sobre o fato de termos um Legislativo que funciona como quintal do Executivo, quando nos filiarmos a algum partido e deixar nossos nomes em muros e santinhos?

Todos temos o direito de indagar nossos representantes sobre o que acreditamos ser certo ou errado. Afinal, eles são nossos funcionários. Todos eles: prefeito, secretários e vereadores. Não somos nós que trabalhamos para eles. São eles que trabalham para nós. São pagos com dinheiro público, dinheiro oriundo de impostos e mais impostos pagos em tudo: desde um simples café até um automóvel novo.

Amo muito a política para me sujeitar a um processo eleitoral. Não tenho tino para tal, conheço minhas limitações. Sei que tenho o direito de perguntar sem precisar de candidatura ou autorização de alguém. Não vai ser nenhum vereador que vai me permitir ficar indignado ou não!

Talvez não tenha brigado com a política, de fato. Talvez tenha brigado apenas com algumas pessoas que fazem da política um balcão de negócios e deixam aspectos morais e constitucionais de lado.

Talvez nós é que devessemos desafiar os nossos nobres vereadores a partir de agora: deixem interesses pessoais de lado, depois venham pedir nossos votos.


Talvez!

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